Um dos grandes nomes da afamada gravura gaúcha, Henrique Fuhro teria completado 75 anos no último dia 14. Ao prestar homenagem ao artista morto em 2006, a exposição que será aberta nesta terça-feira pelo Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) celebra o autor das primeiras manifestações de certo espírito pop nas artes do Estado.
Com inauguração às 18h, no Espaço Vasco Prado da Casa de Cultura Mario Quintana, a mostra apresenta um breve panorama do artista, da década de 1960 até os últimos anos de vida. Nascido em Rio Grande, em 1938, Fuhro (pronuncia-se "firrô") notabilizou-se pela excelência técnica de seu trabalho gráfico em xilogravura (madeira), litogravura (pedra) e serigrafia. Mas também fez desenhos e pinturas, como aponta a seleção de mais de 20 obras de Henrique Fuhro - 75 Anos.
- É uma exposição breve para assinalar a passagem dos 75 anos. Optei por expor peças em que se destacam a qualidade e a excelência. Isso, claro, sem desconsiderar toda a experiência dele como a obra gravada, que o projetou - diz o curador Renato Rosa, que em 2011 organizou uma mostra do artista apresentada no Margs.
Fuhro fez sua estreia em 1957 em exposição coletiva na Associação Chico Lisboa. Na década seguinte, obteve reconhecimento como exímio gravador e deu início a uma carreira de projeção nacional. Ganhou prêmios e foi convidado a participar de quatro edições seguidas da Bienal de São Paulo a partir de 1967. Nos anos 1970, ainda que radicado em Porto Alegre, continuou com a produção em alta no circuito brasileiro, porém voltado ao desenho, à serigrafia e à pintura.
Nas cinco décadas que produziu, também atraiu interesse de grandes nomes da crítica e da história da arte brasileira, como Walter Zanini e Jacob Klintowitz. No livro A Criação Plástica em Questão (1970), título emblemático por reunir dezenas de entrevistas de artistas brasileiros em voga no período, Walmir Ayala registra depoimento em que Fuhro diz: "Digamos que gravo na tentativa de objetivar sensações. (...) Não acredito que a arte deva ter função política".
Henrique Fuhro - 75 Anos oferece uma aproximação com o repertório visual do artista, composto por figuras como mascarados, esportistas, músicos e mulheres. Extraídas da publicidade, da TV e do cinema, essas imagens aparecem em obras de cores e padrões vibrantes, aproximando-se da pop art e dos quadrinhos. São composições, porém, melancólicas, com personagens impessoais, quase sempre duplicados, como objetos enclausurados ou seres oprimidos. Muitos associam a crítica de Fuhro à cultura consumista em função de sua atividade como publicitário, ramo em que ele não trabalhou com criação publicitária, mas na área de atendimento a clientes.
- O jazz e o cinema eram paixões de juventude dele - relembra Rosa.
Diante do comentário do repórter de que alguns trabalhos de Fuhro remetem à pop art brasileira do período, mesmo que sem a verve política de nomes como Carlos Vergara e Antonio Dias, o curador interrompe:
- A proximidade começa e termina na linguagem. Fuhro não integrou grupos cariocas ou paulistas e fez toda sua produção no sul.
HENRIQUE FUHRO - 75 ANOS
> Abertura nesta terça-feira, às 18h. Visitação segundas, das 14h às 19h, terças a sextas, das 9h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h. Até 24 de novembro.
> Espaço Vasco Prado, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736), fone (51) 3221-5900, em Porto Alegre.
> A exposição: apresenta uma panorâmica da produção do gaúcho Henrique Fuhro (1938 - 2006).