A abertura do Memorial Erico Verissimo foi realizada no dia 23 de setembro, uma segunda-feira, para um pequeno grupo de pessoas, entre lideranças políticas, empresariais e da literatura. Entre esses, dois convidados muito especiais: o escritor Luis Fernando Verissimo e sua mulher, Lúcia. Luis Fernando, o filho mais moço de Erico e de Mafalda, irmão de Clarissa, chegou ao local minutos antes da cerimônia, quando pôde olhar as instalações, sendo interrompido para entrevista e cumprimentos. Ele e Lúcia haviam estado no Memorial cerca de duas semanas antes, antes de viajarem para os Estados Unidos, quando o espaço ainda estava sendo montado.
- A melhor maneira de homenagear um criador é com criatividade, o que não faltou neste projeto - disse Luis Fernando.
O escritor ressaltou a importância do Memorial na sua função de manter viva a memória de Erico Verissimo, um dos mais importantes nomes da literatura brasileira:
- O pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a tratar da temática urbana. Alguns de seus livros permanecem bastante atuais. E a obra que tem mais referências históricas, que é O Tempo e o Vento, é um grande romance.
Luis Fernando falou também da expectativa de que o espaço agora inaugurado possa atrair e conquistar novas gerações de leitores.
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Zero Hora - Qual a importância da inauguração do Memorial Erico Verissimo, reunindo os acervos do Flávio Loureiro Chaves e do Mario de Almeida Lima, em Porto Alegre?
Luis Fernando Verissimo - O plano inicial, quando foi restaurado o edifício Força e Luz, era que ele abrigasse todo o acervo do pai, o que não foi possível por razões técnicas. Agora isto tornou-se possível. Mais importante, com doações feitas por dois queridos amigos da família, o Flávio Loureiro Chaves e o Mario Lima.
ZH - O que estes documentos - manuscritos, originais rasurados, desenhos - podem desvendar sobre o escritor Erico Verissimo para seus leitores?
Verissimo - O pai preparava-se para escrever desenhando seus personagens e, quando era o caso, as plantas dos lugares que inventava, como a cidade de Santa Fé e a ilha de Sacramento. Junto com os originais, que ele mesmo revisava e reescrevia, os documentos dão uma boa ideia do seu processo criativo.
ZH - Erico tinha o costume de presentear seus amigos com originais? Ou eram os amigos que solicitavam?
Verissimo - Que eu saiba as doações aos amigos eram voluntárias, não solicitadas. E neste caso foram preservadas com muito carinho.
ZH - Entre os diferentes espaços do Memorial, há um destinado às crianças, destacando a Coleção Nanquinote. Como era o Erico contador de histórias em família, primeiramente com os filhos e, depois, com os netos?
Verissimo - Os livros infantis são uma parte importante da obra do pai, que chegou a ter um programa de rádio em que contava historias para crianças. Foi ele que deu o nome de Nanquinote ao boneco de nanquim que desenhava, e que acabou sendo o nome da coleção.
ZH - Existe a possibilidade de este Memorial ser acrescido do acervo que hoje está no Instituto Moreira Salles, no Rio?
Verissimo - Fizemos um contrato de comodato com o Instituto Moreira Salles, com prazo fixado. O IMS está aparelhado como nenhum outro para a restauração e preservação de documentos, por isso o escolhemos. Quando vencer o contrato, veremos. Talvez seja importante ressaltar que nenhuma destas transações com o acervo do pai envolveu qualquer importância em dinheiro.