Exibido em Porto Alegre em agosto de 2012, como um dos destaques do 1º Festival de Cinema Argentino, Las Acacias finalmente ganhou lançamento comercial no Brasil. Na Capital, está em cartaz no CineBancários. Trata-se de um pequeno grande filme que, entre outros prêmios, ganhou em 2011 a Câmera de Ouro, distinção do Festival de Cannes ao melhor longa de um diretor estreante.
Pablo Giorgelli, o diretor, é muito eficiente na condução de uma trama em que a dramaturgia é enxuta, porém intensa, e realização é espartana, mas na medida exata para dar conta de sua proposta autoral. Las Acacias encanta pela forma como envolve e emociona o espectador explorando o silêncio, as reticências e tensão de, basicamente, apenas dois personagens. A ação se desenvolve quase toda dentro da cabine de um caminhão. E não existe trilha sonora, apenas o ruído constante do motor entre as palavras.
O motorista, Rubén (Germán de Silva), parte de Assunção, no Paraguai, onde foi buscar um carregamento de madeira para levar a Buenos Aires. A pedido do chefe, ele dá carona a Jacinta (Hebe Duarte), paraguaia que busca trabalho na capital argentina carregando a filhinha de oito meses. Não existe interação entre eles, muito pela postura um tanto hostil de Rubén, tipo bronco que passou boa parte da vida solitário na boleia. Em parte do trajeto, o que se escuta é tão somente o som ambiente da estrada, as inquietações do bebê e as intervenções amorosas de Jacinta para minimizar o desconforto que a longa jornada traz à criança.
Seguindo a escrita do bom road movie, a viagem terá efeito transformador em Rubén. A convivência com a determinada Jacinta o faz o perceber que ainda há algo a dizer e a sentir, que há algo mais a enxergar no horizonte além dos veículos que vêm na direção contrária.