Artistas pisando em chão de fábrica ou percorrendo centros de pesquisa para trabalhar em parceria com operários, engenheiros e cientistas. Se há algo que distingue a 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre, a ser aberta ao público nesta sexta, são obras inéditas ou reeditadas em colaboração com indústrias e unidades de tecnologia avançada no Estado.
Essa é a ideia do projeto Máquinas da Imaginação, que levou artistas a circular por ambientes como Celulose Irani, Gerdau, Petrobras, PUCRS, UFRGS e Instituto do Cérebro do RS. São eles Audrey Cottin, Luiz Roque, Lucy Skaer, Bik Van der Pol, Cinthia Marcelle e Daniel Steegmann Mangrané. A inspiração da curadora mexicana Sofía Hernández Chong Cuy veio de experiências realizadas nos anos 1960 e 70. Daí a Bienal remontar obras de nomes históricos, como Tony Smith (1912 - 1980), com sua monumental escultura de papelão Bat Cave no Margs, e Robert Rauschenberg (1925 - 2008), com a instalação Musa da Lama, um grande tanque que simula uma lava vulcânica em erupção a partir de estímulos sonoros e de válvulas de ar no Santander.
- Apresentamos uma série de obras históricas, que foram pouco ou raramente vistas. E, dos mais jovens, temos obras maduras, extremamente sensíveis e bem realizadas. Artistas brasileiros e internacionais foram levados a indústrias e instituições locais. A partir dessa riqueza regional, buscamos aumentar a projeção internacional da Bienal - diz Sofía.
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Ela também se refere à origem da Bienal, evento criado em 1997 a partir do envolvimento de empresas e indústrias gaúchas e por elas mantido financeiramente ao longo das nove edições - nesta, o orçamento é de R$ 12,53 milhões.
Da seleção de mais de 60 artistas, de 26 países, boa parte apresenta obras feitas especialmente para a Bienal. Sofía e o grupo de curadores selecionaram criadores que investigam a natureza e canalizam plasticamente o embate entre invenção e descoberta. São artistas que exploram fenômenos naturais. Assim, a Bienal aborda a arte contemporânea em suas relações com a ciência, a natureza, a comunicação e a tecnologia.
Além de Máquinas da Imaginação, outro projeto voltado à criação de obras inéditas é o Island Sessions, que leva artistas e convidados em expedições à Ilha das Pedras Brancas, no Guaíba, para produzir textos e imagens inspirados em temas específicos. Esses trabalhos não serão expostos, mas apresentados na internet (9bienalmercosul.art.br). A produção editorial, aliás, é um ponto forte. Além do site e do catálogo, foram lançados, pelo programa educativo, os livros A Nuvem e Manual para Curiosos, que reúnem conteúdos produzidos por educadores e artistas, disponibilizados para download.
- O projeto editorial é uma extensão do projeto curatorial. O Island Sessions terá mais de 70 trabalhos no site. Queremos compartilhar não só as obras, mas os processos, as investigações e as ideias dos artistas. A Bienal é um projeto experimental, uma experiência de aprendizado, onde se educa e se aprende - diz Sofía.
Confira um passeio aéreo pelos locais da Bienal: