Qual a diferença entre o hippie e o hipster? Bonitos e elegantes, os bicho-grilos e os barbudos de óculos diferentões têm muito em comum, como o amor por arte e música e a valorização de uma vida mais divertida. Uma vez por ano, o MECA Festival deixa os representantes gaúchos da tribo moderninha mais perto do habitat natural dos ripongas. No meio do mato, no Hotel Fazenda Pontal, em Morro Alto, entre Capão e Xangri-Lá, o evento reuniu música, moda e euforia no sábado.
Oline up não é o que mais atrai no evento. O clima "meio do mato", interrompido por luzes néon e povoado de gente estilosa, parece ser a maior isca para quem vai ao festival. Depois de dois anos trazendo bandas que enfileiraram hits alternativos - como Vampire Weekend e CSS -, a organização fechou um time para 2013 com nomes atuais e celebrados, porém mais modestos. Ainda assim, o público não deixou de comparecer.
- Viemos pela função, porque não conhecíamos as bandas. Não é muito o meu estilo o indie rock, mas está em alta, né? - observou Luiza Berbigier, 19 anos.
Ela e a amiga Laura Guimarães estavam um pouco deslocadas. Desavisadamente vestidas de modo pacato e confortável, mal sabiam que, o que esperava por elas, entre árvores e canchas de bocha, era um pessoal que pensou muito no figurino.
- Estou chocada. Vi uma guria de biquíni e calça jeans, outra de vestido transparente e calcinha fio dental - descreveu Laura.
Se há algo que chama a atenção para quem circula pelos espaços do evento é o modo como as pessoas se vestem.
- Fiquei confusa sobre como conciliar a roupa de noite com esse clima bucólico e pedi ajuda a amigos que entendem de moda - contou Arlise Cardoso, estudante de publicidade que, aos 30 anos, estreava no MECA.
Os amigos Fernando Pereira, 25, e Lucas Krieger, 23, viajaram de Igrejinha para o litoral e se divertiram com o pessoal diferentão.
- Isso aqui é como o Morrostock, mas com mais estilo - brincou Fernando, que queria ver o Zulu Winter (atração cancelada de última hora), mas contentou-se com as outras atrações e com as meninas estilosas que desfilavam pela fazenda.
Samantha Urbani, vocalista do Friends, banda nova-iorquina de indie pop bastante celebrada, sugeriu uma fórmula para chamar a atenção do público.
- Vou pedir para todo mundo ficar pelado - brincou.
Apesar de Citizens! ser a banda mais esperada da noite, quem mais levantou o público foi a canadense - com um integrante nascido no Brasil - Dragonette. Com forte marcação de bateria e um power vocal feminino, eles se surpreenderam com a recepção do público.
- Vocês estão cantando músicas que nós acabamos de escrever e nós nem temos ninguém que as distribua aqui. Eu não me importo em como vocês chegaram até elas, só estou feliz por isso - disse, visivelmente emocionada, a vocalista Martina Sorbara.