Com sua Marilyn Monroe maquiada por cores berrantes, Andy Warhol não retratou somente o fascínio pela fama. Confrontando glamour e decadência, o maior ícone da pop art revelava o lado perverso do mundo das celebridades.
Quatro edições das famosas imagens de Marilyn fazem parte de Andy Warhol - Pop Art, exposição que abre nesta terça-feira, no Café do Porto (Padre Chagas, 293), na Capital. Com nove serigrafias realizadas entre 1967 a 1972, de dimensões de 88 cm x 58 cm a 90 cm x 90 cm, a pequena mostra estará montada nas paredes do espaço do café e em uma sala. É uma oportunidade para conhecer trabalhos que Warhol realizou com a técnica de impressão que o projetou como um dos nomes da pop art nos anos 1960 - antes de se lançar a experiências com cinema, rock, fotografia e até televisão.
Pautada pela ironia, a crítica de Warhol (1928 - 1987) se disfarça ao contrastar beleza com momentos de fragilidade. A fotografia que inspirou as séries de Marilyn foi retirada de uma notícia de jornal sobre o suposto suicídio da atriz, em 1962. Ao evidenciar a atração pela morte, que apareceria em outros de seus trabalhos, Warhol assinalou o aspecto trágico do próprio sonho americano.
Outras serigrafias famosas na mostra são edições das séries de Mao Tsé-Tung, cuja imagem original Warhol retirou de jornais que noticiavam a viagem de Nixon à China em 1972, na primeira visita de um presidente dos EUA àquele país.
A exposição ainda apresenta outros elementos do repertório da pop art, como bens do consumo e referências à mídia e à publicidade, em que produtos e imagens do cotidiano são elevados ao status de arte. É o caso da famosa lata de sopa Campbell's, da qual Warhol se apropriou em diferentes momentos da carreira - a exemplo das cópias das garrafas de Coca-Cola ou do sabão em pó Brillo. Com as séries da embalagem da sopa, o artista escancarou, com seu peculiar cinismo, o mercantilismo do mundo da arte.
Pertencentes ao acervo da Galeria Antic & Modern, comandada pelo gaúcho Ricardo Zielinsky em Barcelona, na Espanha, as nove serigrafias de Andy Warhol - Pop Art são certificadas e catalogadas e custam por volta de R$ 1,5 mil. De olho no atual consumo de arte, a galeria trouxe à Capital, nos últimos dois anos, mostras com obras de Salvador Dalí, Joan Miró e Pablo Picasso.
- A ideia de apresentar arte em um café tem tudo a ver com o que esses artistas faziam em Paris. Temos o conceito de arte para todos, fazendo com que as pessoas vejam arte não só em galerias ou museus - diz Zielinsky.