No cargo há quatro semanas, Marta Suplicy confessa que ainda está tomando pé da situação. A nova ministra da Cultura esteve ontem em Canela participando da Festa Nacional da Música, onde participou de um debate sobre assuntos como o Vale Cultura. Falando com exclusividade para Zero Hora, Marta fez questão de manter o pé no chão.
- Não gosto de delírio - disse a ministra a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que vincularia 2% da receita da União para a Cultura.
Em sua primeira visita ao Estado como ministra da Cultura, Marta Suplicy chegou à Serra no final da tarde acompanhada de uma comitiva que incluía Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara dos Deputados, os deputados federais Jandira Feghali (PC do B-RJ) e Otávio Leite (PSDB-RJ), deputado Alexandre Postal (presidente da Assembleia Legislativa do Estado) e os secretários de Estado Beto Albuquerque (Infraestrutura e Logística) e Luiz Antonio de Assis Brasil (Cultura). Além de participar do encontro que homenageou os deputados que colaboraram para a aprovação da PEC da Música na Câmara, a petista participaria da noite de abertura do evento - que reúne até o dia 25 no Hotel Laje de Pedra profissionais ligados à indústria fonográfica e músicos como João Bosco, Fernando & Sorocaba, Jorge Aragão e Alexandre Pires, entre outros.
- Estou entrando no ministério, que é muito grande, muito complexo. Assim como a diversidade brasileira. É um momento de conhecer a riqueza dessa cultura antes de entrar nas especificidades - desconversou a ministra quando perguntada a respeito de projetos do Ministério da Cultura (MinC) que incluam o Rio Grande do Sul.
Reclamação de todos que ocupam a pasta, o baixo orçamento do MinC preocupa a nova titular - mas Marta não alimenta expectativas irrealistas:
- Sou uma pessoa do concreto. Vou lutar muito para aumentar o orçamento o máximo que eu conseguir. O ministério teve um pequeno aumento em relação aos anos anteriores. Mas foi bem pequeno. Tenho de batalhar para esse aumento ser mais substancioso, e também ao lado dos deputados e senadores, que propõem emendas que ajudam a trazer mais aporte.
"Haddad vai ser um grande prefeito"
A ministra comentou também a respeito do recentemente aprovado Sistema Nacional de Cultura, que cria uma rede integrando governos federal, estaduais e municipais, à semelhança do Sistema Único de Saúde (SUS):
- O principal ganho é o fluxo, porque vai ficar mais fácil para o MinC repassar os recursos. Nós temos vários municípios no Brasil que não têm nada de cultura, nenhum conselho, nenhuma secretaria. Agora, o passo é organizar esses municípios.
A prefeita de São Paulo entre 2001 e 2005 manifestou-se ainda sobre a disputa eleitoral na maior cidade do país:
- Minha avaliação é que o Lula é um grande vitorioso, contra tudo e contra todos (risos). Acho que o Haddad (Fernando Haddad, candidato petista) vai ser um grande prefeito. Acredito que a população de São Paulo está com uma vontade de mudança. O PSDB está governando há muito tempo o Estado e a cidade, com a parceria com o Kassab. Há uma rejeição muito grande ao que está lá.