Mais recente longa de Breno Silveira, À Beira do Caminho acompanha a viagem do motorista de caminhão João (João Miguel) de Petrolina (PE) até São Paulo, levando de carona o garoto Duda (Vinícius Nascimento). O combustível da viagem é a música: Roberto Carlos liberou o uso de quatro canções para a trilha sonora desse filme de estrada.
Realizador do sucesso de bilheteria 2 Filhos de Francisco (2005), que foi visto por mais de 5,3 milhões de espectadores, Breno Silveira vai lançar neste ano outro longa: aproveitando o centenário de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o cineasta estreia em 26 de outubro a cinebiografia Gonzaga: de Pai para Filho. A música popular também dá o tom no drama que entra em cartaz amanhã: em À Beira do Caminho, os desamores do caminhoneiro João e a busca pelo pai do pequeno caroneiro Duda são embalados por clássicos de Roberto Carlos.
- Me apaixonei por uma menina quando eu tinha uns 17 anos, levei um baita pé na bunda, entrei em crise: tive dois comas alcoólicos, me estropeei todo de moto... Meu pai botou essas músicas do Roberto sobre perda para mim depois disso, e isso nunca mais saiu da minha vida - disse Silveira na apresentação do filme em abril, no 16º Cine PE, festival em que levou os prêmios de melhor longa, roteiro, ator (João Miguel) e coadjuvante (Vinícius Nascimento, garoto de 10 anos selecionado entre 800 candidatos).
A origem da produção está em 2008, quando a jornalista Léa Penteado reuniu frases de diversas músicas de Roberto Carlos e mostrou a Silveira um argumento com esse material. O título é inspirado em Sentado à Beira do Caminho - mas o Rei, que raramente libera suas gravações originais, cedeu os direitos de outros quatro temas: O Portão, Na Distância, Amigo e Você Foi.
- O filme é uma frase de para-choque de caminhão. Tem a simplicidade dessas frases, como "Viver é desenhar sem borracha" - resumiu o diretor.
É justamente esse excesso de objetividade e de emotividade que compromete À Beira do Caminho. Com uma bela fotografia, boa montagem e um elenco em que se destacam os sempre ótimos João Miguel e Dira Paes, o filme abusa do sentimentalismo e economiza em sutilezas dramáticas com o objetivo de comover o espectador. Essa fórmula pode funcionar em uma canção de três minutos de Roberto - em um filme, porém, torna-se exasperante.
Aquela canção do Roberto
Estreia sexta novo trabalho do diretor de "2 Filhos de Francisco"
Longa de Breno Silveira é filme de estrada embalado ao som de Roberto Carlos
Roger Lerina
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