Carlos Lyra, um dos principais nomes da Bossa Nova e parceiro de Vinicius de Moraes, morreu na madrugada deste sábado (16) no Rio de Janeiro. Segundo Magda Pereira Botafogo, esposa do artista, ele foi internado na quinta-feira (14) com um quadro de febre, no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca.
Após a internação e alguns exames, uma bactéria foi identificada, segundo o G1. A causa da morte, porém, não foi revelada. Um comunicado foi publicado nas redes sociais do músico: "É com imensa tristeza que comunicamos a passagem do compositor Carlos Lyra, nessa madrugada, de forma inesperada. A todos, agradecemos o carinho."
O corpo do músico será velado no domingo (17), das 10h às 14h, no Memorial do Carmo, no Caju, no Rio de Janeiro. A cerimônia será restrita a familiares e amigos.
Lyra foi uma das jovens figuras da Bossa Nova e é autor de canções como Coisa Mais Linda, Minha Namorada, Primavera, Sabe Você e Você e Eu. O músico, ao longo de seus 70 anos de carreira, firmou parcerias prósperas com nomes como Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Geraldo Vandré, entre outros grandes artistas brasileiros.
A primeira composição de Lyra a ser lançada foi Menino, gravada na voz de Sylvia Telles, em 1956. Três anos depois, ele lançou o seu primeiro álbum, intitulado Bossa Nova. No mesmo 1959, João Gilberto gravou Maria Ninguém e Lobo Bobo, da parceria de Lyra com Bôscoli.
Lyra também foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura (CPC) e da União Nacional dos Estudantes, em 1961. Três anos depois, com o golpe militar, o arista relatava ter optado pelo autoexílio, no México. Por lá, ele conheceu intelectuais como Gabriel García Marquez, Octávio Paz e Luiz Buñuel.
Ele retornou ao Brasil em 1971, mas teve várias músicas censuradas pelo governo durante a ditadura. Assim, em 1974, ele deixou novamente o país e se mudou com a família para Los Angeles, nos Estados Unidos, onde ficou até 1976.
O cantor também marcou o seu repertório com álbuns como Eu & Elas (1972) e Herói do Medo (1975). Nos anos 1980, ele aderiu a regravações de clássicos da Bossa Nova. Lyra ainda gravou outros trabalhos de músicas inéditas, como Carioca de Algema (1994).
Em 2019, ele lançou Além da Bossa, seu primeiro disco autoral em 25 anos. O projeto contou com músicas escritas por anos, algumas nunca gravadas. Em 2023, em celebração aos seus 90 anos, grandes nomes da MPB homenagearam o artista no álbum coletivo Afeto.
O artista deixou a sua marca na história da cultura brasileira com um repertório de 196 obras musicais e 355 gravações cadastradas no banco de dados da gestão coletiva no Brasil.