Serão 20 horas de música, mais de 30 atrações, entre regionais e nacionais, divididas em dois palcos em dois dias — neste sábado (11) e domingo (12). Isto é o que promete a primeira edição do festival Avante, que ocorre no FV 4º Distrito (Rua Dr. João Inácio, 145), no bairro Navegantes, em Porto Alegre.
Contando com o baiano Tom Zé como headliner, o evento tem como proposta entregar ao público uma "experiência musical única". Apostando nesta premissa, a organização pretende receber 3 mil pessoas por dia no festival, que subirá o seu som entre 14h e meia-noite nos dois dias. Mesmo com algumas modalidades já esgotadas, ainda é possível encontrar ingressos no site.
Para tentar arrastar tanta gente para um evento totalmente novo, foi feita uma curadoria cuidadosa, mesclando artistas consagrados e novos talentos, com o intuito de um diálogo entre gerações, mas, principalmente, de costurar uma vasta mistura de ritmos e sons.
Quem está por trás desta seleção é o diretor artístico do Avante, Gabriel Cevallos, responsável por eventos musicais como o festival Kino Beat. Foi a partir desta bagagem, observando uma certa carência na cidade para este tipo de festival, que ele idealizou o novo projeto:
— É um sonho antigo fazer algo como o Avante. Sempre pensei que Porto Alegre tinha uma falta de um festival de música 100% urbana. Algo que acontecesse na cidade e que, de alguma forma, colocasse a Capital nesta rota de festivais e de conexão com artistas que eventualmente não vêm para cá, com foco em uma cena específica, mas ampla.
O palco principal do evento será o Avante, em que se apresentarão, no sábado, além de Tom Zé, nomes como a cantora baiana Karina Buhr, o rapper gaúcho Nego Joca, a banda baiana Àttooxxá, a paulista Sophia Chablau, o produtor musical e DJ baiano Ubunto e o músico carioca residente em Paris Diogo Strausz.
No domingo, também no espaço de maior destaque do evento, será a vez do grupo afro-gaúcho Ialodê, da banda instrumental gaúcha Trabalhos Espaciais Manuais (TEM) — com participação do músico pernambucano Di Melo —, do grupo gaúcho de rap Da Guedes — que canta com Cristal —, do rapper mineiro FBC e do conjunto oriundo do Carnaval carioca TechnoBrass.
Já o palco Avante Club, secundário, coloca o ritmo das pistas no evento, com criações originais. Passarão por ele, no sábado, a DJ carioca RaMeMes, a cantora referência do funk do Rio de Janeiro Deize Tigrona — que se apresenta com Chernobyl — e o norte-americano Demi Riquísimo. No dia seguinte, apresentam-se a paulista Malka, o coletivo carioca Brasil Grime Show — com participação dos MCs Mikaa e Felipe Deds — e a paulista Badsista.
— Temos um pouco de cada um desses últimos festivais que aconteceram e que vão acontecer na cidade. Contamos com aquela sonoridade do Rap in Cena, mas a gente toca também o que Turá vai tocar, o que o Meca fez a gente faz também. E vai um pouco além. Então, temos uma amplitude que eu acho que torna o Avante realmente único no Estado, e poucos festivais pelo Brasil têm essa proposta de ser radical na diversidade — completa Cevallos.
Entusiasmado
No auge dos seus 87 anos, Tom Zé segue com uma vitalidade de guri. Tanto é que, mesmo com sua vasta carreira e com inúmeros shows e festivais em sua bagagem, ele está comemorando ser o principal nome do Avante — e ainda aponta que está sentindo o peso por esta incursão em solo gaúcho:
— Estou sapateando e responsabilizado até o último fio de cabelo por estar na terra do escritor e autor musical Arthur de Faria, que colaborou com Felipe Hirsch para escrever a peça Língua Brasileira, cuja trilha sonora é meu mais recente e sempre comemorado disco. Celebrando justamente esta língua cantábile e musical que falamos no Brasil.
E, dentro da proposta do evento, parece ser um acerto a escolha de Tom Zé para ser a atração principal do festival. O artista, que vem atravessando gerações, explica que não faz distinção de época musical para ouvir — ressalta que escuta canções dos anos 20 do século passado e dos anos 20 deste, sem qualquer tipo de preconceito. E ainda crava que a música brasileira é "grandiosa e respeitada no mundo".
— De mim o público pode esperar que eu sinta o ambiente para poder reagir a ele com uma atuação que responda às próprias perguntas que estarão no ar. Além disso, tenho bem em mente os outros compositores novos que lá estarão. Cantarei com a minha impecável banda as canções que o público sabe cantar comigo. Feliz Porto Alegre, que também ouve sua periferia — completa o artista baiano.
Tom Zé, esbanjando empolgação, ainda fez questão de fazer uma adaptação de sua canção Unimultiplicidade especialmente para Porto Alegre, em comemoração ao Avante. O artista enviou os versos especialmente para GZH:
Unimultiplicidade
Não tenho nada nas estradas:
Horizontes mil,
Não digo nada nestas laudas:
Utopias fio.
Não tenho nada no Guaíba,
Somente o berço original
E esse berço tem começo
Na unimultiplicidade,
Pois cada homem é, sozinho,
A casa da humanidade.
Festival Avante
- Neste sábado (11) e domingo (12), das 14h à meia-noite em ambos os dias, no FV 4° Distrito (Rua Dr. João Inácio, 145, bairro Navegantes), em Porto Alegre.
- Ingressos para um dos dois dias custa R$ 120 (inteira). O passaporte para sábado e domingo sai por R$ 200 (inteira). O site Shotgun está comercializando as entradas.
- Classificação: 16 anos.