Quando se apresentou no Planeta Atlântida 2023, em fevereiro, Ludmilla deu sua palavra: neste ano, traria o Numanice, seu megaevento de pagode, para o Rio Grande do Sul. Em entrevista a RBS TV, logo após o show, a artista detalhou a cobrança que vinha recebendo dos fãs gaúchos e prometeu que atenderia aos pedidos ainda no início do segundo semestre. Cumpriu a promessa. Neste domingo (11), a partir das 14h, a cantora realiza a primeira edição do Numanice em Porto Alegre, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
Os ingressos para todos os setores estavam esgotados até as 12h da última quarta-feira, quando um lote extra foi disponibilizado para atender a demanda de quem não havia conseguido comprar suas entradas para o evento em tempo. A abertura das vendas, em 27 de abril, causou fila e instabilidade na plataforma Sympla. É só uma provinha do fenômeno que são Ludmilla e o seu Numanice.
Entender o que a vinda do projeto representa para os fãs da Capital pode ser difícil — sobretudo para quem não acompanha tão de perto a trajetória da cantora —, mas não é exagero dizer que este será “o evento da vida” para boa parte do público presente. É o caso da operadora de telemarketing Paola Braz, 18 anos, moradora de São Leopoldo.
Fã do tipo que escreve cartas, vai no aeroporto esperar a ídola e administra páginas na internet dedicadas a Ludmilla, participar de um Numanice, para Paola, é ver de perto a força que ela e outros aficionados pela cantora têm. Isso porque o Numanice nada mais é do que um fruto do incentivo dos fãs para que a cantora explorasse mais fortemente sua veia pagodeira, até então demonstrada em colaborações pontuais com artistas do gênero.
Em 2019, quando concorreu ao título de cantora do ano no Prêmio Multishow, Ludmilla propôs uma troca aos fãs: caso votassem a ponto de torná-la campeã, ela lançaria um EP cantando pagodes de própria autoria. Eles acataram.
— A gente (fãs) tinha grupos de WhatsApp para organizar os mutirões de votação. Passávamos dias e noites virados, votando para ela ganhar. E ela ganhou — lembra Paola.
Com os fãs cumprindo a parte deles, Ludmilla cumpriu a parte dela. E assim, de forma despretensiosa, nasceu o Numanice. E cresceu a ponto de virar dois álbuns, dois DVD's e, por último, um megaevento que já passou por diferentes capitais país, arrastando multidões em todas elas, e é aguardado ansiosamente pelos fãs das cidades ainda não contempladas — como era o caso de Porto Alegre.
Paola, porém, ficou tranquila quando a cantora garantiu a vinda do projeto para a Capital durante sua apresentação no Planeta Atlântida. Ludmilla não brincaria com a expectativa dos fãs, pois tem muito respeito e carinho por todos, ela garante. E com fundamento: Paola só assistiu ao show no Planeta porque Ludmilla, após ler uma carta na qual a fã relatava estar desempregada e sem condições de ir ao festival para vê-la, deu a ela dois ingressos.
— Ela é uma artista que reconhece os fãs, valoriza muito, trata com carinho, além de ter um coração muito bom. A Ludmilla me inspira muito. Quando estou triste, ouvir as músicas dela é o que me levanta. E ver o lugar onde ela chegou, sabendo de onde ela veio, me dá força e vontade de seguir em frente — diz Paola.
O dançarino e atendente de farmácia Andryus Ferreira, 29 anos, confirma o relato de Paola sobre a relação de Ludmilla com os fãs. Ele se orgulha de ter ido a praticamente todos os shows da artista em Porto Alegre e conta que, em um deles, Lud o chamou para dançar no palco. Foi um momento inesquecível para o porto-alegrense.
Ao falar sobre a artista, Andryus cita ainda a sua representatividade.
— Ela representa força, por ser uma mulher preta e bissexual. O mundo é cheio de preconceitos, mas vê-la ocupando esses lugares me dá orgulho. Ela mostra que não podemos desistir dos nossos sonhos — diz o dançarino, que sonha em um dia integrar o time de bailarinos de uma grande artista.
— Ludmilla, me contrata — brinca ele.
Viria mesmo a calhar. Desempregado à época da abertura das vendas para o Numanice, em abril, Andryus chegou a acreditar que não conseguiria participar do evento por falta de recursos financeiros. Aos 45 do segundo tempo, porém, foi selecionado para uma vaga e conseguiu garantir o ingresso para o evento, que ele considera imperdível.
Apesar de já ter visto outras apresentações da cantora, o fã gaúcho diz que o Numanice é diferente de tudo. Desde a estrutura, que é grandiosa, até o show em si, que tem duração de aproximadamente três horas. A maior parte delas é preenchida pelo repertório dos álbuns Numanice 1 e 2 e por clássicos do pagode interpretados por Ludmilla, mas há ainda um momento dedicado ao funk, gênero responsável por projetar a cantora ao estrelato. Nesta parte da apresentação, entra em ação a DJ Ludbrisa, alterego da artista responsável por comandar o pancadão.
E ela nunca é a única presença ilustre. Já virou tradição no Numanice a participação especial de outros artistas, sempre de surpresa, sem divulgação prévia de quais serão os convidados da edição — por óbvio, ainda não se sabe ao lado de quem Ludmilla cantará em Porto Alegre. É algo que aumenta ainda mais a expectativa de fãs como a influenciadora e extensionista de cílios Silvia Rosa, 35 anos, que aguarda ansiosamente pela descoberta no domingo.
— Minha principal curiosidade é sobre quem ela trará, porque maravilhoso e incrível já sei que vai ser. Vejo que os comentários sobre as edições em outras cidades são sempre muito positivos. Só que nenhuma edição é igual a outra, ela sempre traz uma novidade, uma coisa diferente, além de sempre mudar os convidados — comenta a fã. — Eu gostaria de ver a Lud cantando com a Iza, pois elas são minhas duas artistas preferidas. Acho difícil, porque vi que a Iza está viajando, mas a esperança é a última a que morre, né (risos).
Além da ansiedade pelas surpresas e pela oportunidade de assistir Ludmilla de perto, Silvia relata estar com alta expectativa pelos looks que serão usados pelo público no evento. É o Met Gala de Porto Alegre, brinca a influenciadora digital (@sillrosa).
— Todas as blogueiras estão enlouquecidas (risos) — conta. — Estou esperando para bater o martelo do meu look porque não sei como vai estar o tempo. Parece que vai estar frio, então tem que ser algo quentinho, confortável e apocalíptico (risos). Mas tenho certeza de que nem o frio vai desanimar a galera. Só se fala de Ludmilla e Numanice na rede social, vai ser o evento do ano por aqui.
No fim das contas, é como a artista canta em Amor Difícil, uma da canções do repertório do show: "O comentário é fod* / É Ludmilla na cidade". E ponto.
Numanice Porto Alegre
- Domingo (11), às 14h, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho
- Ingressos disponíveis até sábado (10), ao meio-dia, na plataforma Sympla, com valores a partir de R$ 200