Com o show do DVD Daniel 40 Anos Celebra João Paulo & Daniel, o cantor sertanejo propõe essencialmente duas coisas: celebrar suas quatro décadas de trajetória, mas, ao mesmo tempo, reverenciar seu amigo e parceiro musical que partiu precocemente. Ele levará essa festa para o palco do Auditório Araújo Vianna nesta sexta-feira (5), a partir das 21h, com uma apresentação extra no mesmo local prevista para 15 de setembro — com show em Pelotas no dia anterior.
O DVD foi gravado em dezembro de 2022, na casa Vibra São Paulo, e contou com 22 participações especiais, totalizando 40 convidados — o que incluiu nomes da velha e nova guarda do sertanejo, como Gian & Giovani, Luan Santana, Maiara e Maraisa, Chitãozinho & Xororó, Jorge e Mateus, Michel Teló, Henrique e Juliano, entre outros — e 40 canções. Desde abril, foram lançados três volumes do DVD, sendo que uma quarta parte deve sair nos próximos dias.
O repertório do show desta sexta, assim como do DVD, tem como base a fase de Daniel com João Paulo. Formada em Brotas (SP), no início dos anos 1980, a dupla lançou oito discos e vendeu milhões de cópias, emplacando sucessos como Eu Me Amarrei, Minha Estrela Perdida, Só Dá Você na Minha Vida, Alguém, entre outras faixas que são resgatadas na apresentação.
Aliás, a abertura do DVD é como se fosse um We Are The World do sertanejo. No palco, os convidados da noite surgem um a um para cantarem o sucesso Estou Apaixonado, alternando as vozes em cada verso da canção. Uma homenagem a João Paulo — o cantor morreu em um acidente de carro em 1997.
Em entrevista a GZH, Daniel falou do projeto e da vida com sua eterna segunda voz.
Como é para você revisitar essa fase com João Paulo?
Eu revivi tudo novamente. Há canções que há um bom tempo que não cantava. Na gravação do projeto, trouxe algumas que foram um pouco lado B da dupla. A música se torna até meio inédita com esse resgate, até por vir à tona para as pessoas que não acompanharam nossa trajetória. É muito gostoso poder recordar coisas que vivi com ele naquela época. É viajar no tempo, poder trazer essa coisa mágica que é a música que marcou uma determinada fase da minha vida.
Foi também o jeito que você optou para celebrar 40 anos de trajetória.
Não são todos os artistas que têm o privilégio de poder atingir uma marca assim (40 anos de estrada), de saber que já plantou tantas coisas legais e deixou um legado positivo para aqueles que estão chegando. Se a gente está aqui até hoje, é sinal que a música tem surtido efeito nas pessoas. É para isso que estamos aqui: somos um instrumento de paz, felicidade e amor através da nossa música.
Esse show reuniu 22 participações especiais, totalizando 40 convidados no palco. Já diria o Emicida que "quem tem um amigo tem tudo". Você parece ser bem rico nesse quesito. Como foi reunir toda essa galera no show? É uma logística danada.
Foi um grande desafio porque não tivemos tempo para nada. Nos comunicávamos apenas pelo WhatsApp. Era produtor falando com produtor, enviando canções e arranjos. Cada um fazendo a tarefa de casa. Mas o "vamo vê" foi no dia, mesmo. A abertura foi uma loucura, todo mundo ao mesmo tempo cantando a canção, tudo sem ensaio. Eu estava muito apreensivo, de como tudo ia acontecer, de que forma a gente ia conseguir realizar, a questão da logística, fora a quantidade de música também. Gosto de realizar projeto sempre como um show mesmo, com hora para começar e terminar. Nesse caso específico, tudo fugiu das mãos. Começamos o show por volta das 22h e foi até umas 4h30min da manhã, e o público foi resistente, acompanhando a gente até o final. Cada música era um momento único. Vamos tentar em cada lugar do Brasil levar algum convidado. Convidar alguns amigos para a gente poder dividir o palco e comemorar esses 40 anos.
É possível haver alguma participação especial em Porto Alegre?
Chance tem, com certeza. Quem sabe a gente não consiga levar uma das participações, ou, de repente, levar um outro amigo que não tenha sido convidado ou não esteja presente no trabalho, até porque é humanamente impossível convidar todo mundo. Não posso garantir, isso depende de logística, todo mundo viajando pelo Brasil.
Ainda falando sobre logística, o show do DVD abre com Estou Apaixonado, reunindo um super time de artistas sertanejos no palco para homenagear João Paulo. Como esse momento foi construído?
Matheus Possebon (presidente artístico da Opus Entretenimento, que gerencia a carreira do cantor) veio me visitar em Brotas e sugeriu a ideia. Queríamos que fosse o grand finale, mas seria difícil fazer as pessoas esperarem até o final. Então, invertemos. O público que estava presente não esperava algo dessa magnitude, todo mundo entrando e fazendo uma frase, foi uma loucura. Resolveu: cada um cantava e depois ia para seus afazeres. Teve gente que fez show na mesma noite, como Bruno e Marrone. Quando se tem uma energia positiva, quando fazemos com amor e dedicação, acaba dando tudo muito certo.
Você sempre procurou manter viva a memória de sua dupla. Desde a partida dele em 1997, em todo show você o menciona. Como era dividir o palco e a vida com João Paulo?
Era uma dupla de verdade, sem falsa modéstia. Nos dávamos bem justamente por sermos muito diferentes um do outro. João Paulo tinha uma característica de resolver imediatamente as coisas que estavam erradas. Eu ouvia determinadas coisas que não gostava, mas guardava para mim. Ele não, já era explosivo. Resolvia na lata e acabou. Isso facilitava muito a convivência da dupla. Fora a consideração que um tinha pelo outro, era como se fôssemos irmãos do mesmo sangue. Fomos criados muito próximos, a família dele tinha ligação com a minha desde sempre. Essa ideia de formar a dupla veio do meu pai. João Paulo era cerca de oito anos mais velho. Eu tinha 10 ou 11 anos quando começamos a cantar juntos. Éramos dois moleques, mas muito conscientes. É por isso que a dupla deu certo, sabíamos que alguma coisa de útil iríamos trazer para as pessoas. Vejo a carreira do João Paulo, desde que ele partiu nessa viagem sem volta, muito acesa. Nas rádios e plataformas digitais, se ouve muito as canções da nossa dupla. Até hoje eu o trago à tona, lógico, não foi nenhuma promessa. É uma coisa bem clara, pelo sentimento que a gente tinha pelo outro, com tudo que a gente construiu junto. Enquanto eu puder e estiver por aqui, vou estar trazendo à tona o nome dele e as músicas que fizemos juntos.
Já pensou em transformar a história de vocês dois em uma cinebiografia?
Seria muito interessante, com certeza. É uma história muito bonita. A dupla surge num momento em que existiam outros artistas sertanejos que estavam muito bem. E a gente chegou numa contramão e começou a acontecer, as pessoas abraçaram a dupla. Sou muito suspeito para falar, já que faço parte disso tudo, mas nossa história é muito bonita. Quem sabe, futuramente, não possa surgir um longa-metragem para celebrarmos tudo o que a gente construiu.
Jéssica Reis, filha de João Paulo, participa do DVD cantando Minha Estrela Perdida. Como foi esse momento?
Recebê-la no palco naquele dia foi muito emblemático. Resolvi levá-la como surpresa para as pessoas, encerrando com ela. Jéssica canta uma canção que lembro de ensaiar na casa do João Paulo e, enquanto isso, eu a via ali, com quatro ou cinco anos, acompanhando tudo de perto. Nunca imaginei cantar com a filha dele. Foi um misto de sentimentos, mas foi, sobretudo, um grande presente. Ela vai estar em alguns palcos pelo Brasil para cantar comigo e celebrar junto.
Ela não pretende seguir a carreira?
Ela é veterinária. Não tem pretensão de ser cantora, mas quis sentir um pouquinho da experiência que o pai dela sentia em cima do palco. Sempre gostou de cantar, tem lá o violãozinho dela com o qual faz as canções dela, mas é um hobby. A música é uma coisa que está no sangue da gente, e ela foi contaminada desde muito nova. É algo para curtir, mesmo, para extravasar seus sentimentos. Mas ela tem uma vida totalmente diferente.
Daniel 40 Anos Celebra João Paulo & Daniel
- Nesta sexta-feira (5), a partir das 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685).
- Ingressos a partir de R$ 240 (inteiro) ou R$ 120 (solidário, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível).
- Ponto de venda com taxa: pelo site uhuu.com. Pontos de venda sem taxa: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80, das 13h às 21h) e bilheteria do Araújo Vianna, que abre duas horas antes do show.
- Desconto de 50% para os cem primeiros sócios do Clube do Assinante que adquirirem entradas e de 10% para os demais.