O nome de Vinícius William Sales de Lima pode não dizer muita coisa à primeira vista, mas a alcunha dele, WIU, dificilmente passará despercebida por quem estiver ao menos um pouco atento às paradas musicais brasileiras. É lá que o rapper cearense de 21 anos vem figurando como uma constante desde meados do ano passado, emplacando um sucesso atrás do outro. Na semana em que realiza seus primeiros shows solo em Porto Alegre — às 18h desta sexta (17), na Rua da Cultura da PUCRS, em versão pocket, e completo no sábado (18), às 23h, no Bar Opinião —, WIU tem três canções entre as 50 mais ouvidas do Spotify do Brasil: Coração de Gelo, Felina e Flow Espacial, com Matuê e Teto. WIU é um fenômeno da música brasileira contemporânea, assim como o gênero que representa, o trap.
O estilo musical se consolidou como um dos mais ouvidos do país ao longo dos últimos cinco anos e projetou diversos representantes ao estrelato (Matuê, Poze do Rodo, L7nnon, MC Cabelinho e Filipe Ret, para citar alguns). É caracterizado por uma presença maior de batidas eletrônicas em relação ao rap tradicional e letras que abordam temas como ostentação, sexo e a desigualdade social brasileira. No caso de WIU, também — e principalmente — o amor.
O músico se caracteriza como "o último romântico do trap", já que a maior parte de suas canções tem o sentimento como fio condutor, contornando os temas hegemônicos do gênero musical.
— Eu sempre fui um moleque "xonadão". Sempre gostei muito de me jogar na vida, nas histórias, de viver as coisas com intensidade — define-se. — Gosto de mostrar para a "menorzada" que tem muita coisa que a gente pode explorar com a nossa sonoridade do trap. Sinto que eu falar sobre sentimentos, sobre emoções, é uma parada que pode inspirar vários outros menores — detalha WIU.
Foi pensando nisso que o músico trabalhou em seu primeiro álbum de estúdio, Manual de Como Amar Errado, que fala de amor do início ao fim. E é organizado com prefácio, epílogo e capítulos divididos por interlúdios, bem ao estilo manual. Um manual no qual, ao longo de 10 canções, WIU conclui que o mais sublime dos sentimentos também é feito de erros.
— Quero dizer que o verdadeiro amor não é perfeito, porque amor perfeito não existe. Eu venho tentando mostrar nas canções que o verdadeiro amor é aquele em que a gente vive o rancor, a raiva, o ciúme, a briga e todas essas coisas que a gente sente quando se joga de cabeça — explica o músico.
O manual de WIU vem fazendo sucesso entre os "leitores". Na semana do lançamento, em novembro, todas as 10 canções do disco entraram no Top 200 Brasil do Spotify, ranking que mede as mais tocadas. Atualmente, Coração de Gelo, uma das faixas do álbum, é a sétima mais ouvida na plataforma no país. Trata-se de um reggae-trap que expressa bem a essência do som do cearense. WIU junta à batida incisiva do trap incursões por ritmos que cresceu ouvindo no Nordeste, como o forró, o arrocha e o próprio reggae.
O músico se orgulha de ter essa mistura como marca registrada. Junto a nomes como Baco Exu do Blues, Matuê, Teto, Vandal, Brandão e Jovem Dex, WIU é um dos representantes do rap nordestino. O movimento vem ganhando cada vez mais força e destaque na cena nacional, durante muito tempo dominada pelo eixo Rio-São Paulo.
— Já vi as pessoas atribuírem milhares de motivos para essa hegemonia do Sudeste, mas sempre discordei muito, sempre achei uma parada muito monopolizada. É inegável que o Nordeste é uma potência sinistra dentro do rap e do trap, uma máquina de fazer hits e sonoridades únicas. Eu carrego as influências do Nordeste tanto sonoramente, de você ouvir e perceber, quanto nas letras. Nunca vou parar de fazer isso. Sinto que, com o tempo, a galera começou a entender mais a nossa brisa e respeitar mais a nossa cultura — opina WIU.
Foi ao lado do também cearense Matuê que WIU teve a sua primeira canção estourada nas paradas: Mantém, lançada pelos dois em 2019. A música deu start no dream team que depois viria a agregar também o baiano Teto. Juntos, os três colegas da gravadora 30praum colecionam parcerias que batem recordes.
São canções como a recente Flow Espacial, que ultrapassou um milhão de reproduções nas primeiras 24 horas e se tornou a maior estreia do ano no Spotify Brasil até agora, superando Flowers, de Miley Cyrus. Também é deles VAMpiro, que permaneceu 15 dias como a canção mais ouvida da plataforma no Brasil no ano passado.
Com Matuê e Teto, WIU encheu o Pepsi On Stage, na Capital, em maio de 2022. Também foi ao lado deles que o cearense incendiou o público do Planeta Atlântida 2023. Agora, ele se prepara para a sua primeira grande apresentação individual em Porto Alegre, no sábado, no Opinião. Vem disposto a mostrar que o último romântico do trap também voa muito bem sozinho.
— Vai ser um show totalmente diferente, o meu mundo, tá ligado? O mundo do último romântico. É uma experiência imersiva. Eu boto a galera pra pensar naquela pessoa que gosta, naquela pessoa que sente raiva. É uma montanha russa de emoções — adianta.
WIU na PUCRS
- Nesta sexta (17), às 18h, na Rua da Cultura da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681)
- Entrada gratuita e aberta ao público
WIU no Bar Opinião
- Neste sábado (18), às 23h, no Bar Opinião (José do Patrocínio, 834), em Porto Alegre.
- Ingressos inteiros a partir de R$ 150, disponíveis na plataforma Sympla
- Desconto de 50% no valor do ingresso inteiro para sócios do Clube do Assinante e um acompanhante