Exercida de forma profissional ou amadora, a música tem sido utilizada como terapia para a manutenção do bem-estar e até no tratamento de doenças neurodegenerativas. No clima da grande final da 10ª temporada do The Voice Brasil, que ocorre no dia 23, Cynthia Geyer, bacharel em piano e mestre em educação musical pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e José Augusto Bragatti, neurologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, apontam cinco benefícios da música para a saúde.
Produção: Vitória Fagundes
1) Libera endorfina
Quem nunca teve aquela sensação de bem-estar ao ouvir e cantarolar uma música? Isso ocorre por causa da liberação de endorfina no cérebro, que aciona neurotransmissores ligados ao prazer.
– A endorfina é um anestésico natural produzido no nosso sistema nervoso e atua no circuito ligado à recompensa. Por isso, dá tanto prazer e tira a dor. Há uma atuação direta no circuito de recompensa que nada mais é do que nos dar prazer – pontua o especialista.
2) É um dos primeiros estímulos sonoros
Segundo Cynthia, os bebês já recebem os primeiros estímulos sonoros ainda na barriga, pela musicalidade da voz da mãe ou de sons internos, como os batimentos cardíacos:
– Além de ser o nosso primeiro contato com o mundo externo, ajuda a fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho.
3) Ajuda em casos de doenças
A musicoterapia tem sido muito utilizada em casos de pessoas com doenças degenerativas, como Alzheimer.
– A ciência explica que a memória musical é uma das últimas a ser afetadas nestes casos. A terapia com a música ajuda que a pessoa busque lembranças relacionadas às canções que ainda estão vivas ali. Pediatras, inclusive, recomendam que crianças com síndrome de Down tenham esse contato com a música, por já ter benefícios comprovados pela neurociência. Crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) também. Estímulos da aula podem contribuir na concentração – explica Cynthia, que também é fundadora da Estação das Artes.
4) Estimula o cérebro
A música ajuda a ativar diversas regiões do cérebro. O hipotálamo, por exemplo, regula a temperatura, a vontade de comer e até o ânimo. O tálamo é responsável por interpretar as informações dos sentidos. O hipocampo está ligado à memória e a funções cognitivas. Cantar e ouvir música é uma forma de estimular a memória e o aprendizado.
– Cantar é uma forma de ativar o cérebro. Vai nos dar prazer e estimular memória através do hipocampo. E o terceiro fator que eu acho muito importante é a dança como ativador do hipocampo. A prática é muito utilizada na recuperação de pacientes por meio de passos de dança, ao escutarem uma música. Dança e expressão corporal estão muito ligadas à música – destaca José Augusto.
5) Diminui estresse e ativa o sistema cardiovascular
Cantar também diminui o estresse e ativa o sistema cardiovascular. Além disso, trabalha os músculos abdominais e faciais. Se a ideia for cantar profissionalmente, o benefício vai além, porque também melhora a capacidade pulmonar, já que há exercícios específicos de respiração.
– Quem nunca se arrepiou ao ouvir uma música? Por isso, o efeito dela é tão importante no nosso dia a dia: para se distrair ou por intenção profissional, cantar pode ser um poderoso aliado na diminuição do estresse – finaliza Cynthia.