Quatro décadas de carreira, um show. Entre tantos eventos culturais adiados em 2020, Kleiton & Kledir 40 Anos não escapou à regra. Nesta quinta-feira (3), às 21h, a dupla pelotense retorna aos palcos para transmitir o espetáculo que promete ser uma retrospectiva de seus grandes momentos, acompanhados pelos músicos Adal Fonseca (bateria), André Gomes (baixo) e Dudu Trentin (teclados).
– Estamos muito contentes de poder voltar ao palco. Tem muita gente fazendo live, pega o violão e sai cantando no iPhone e tem um lado muito bacana disso, mas a gente está montando um show, um show que estava programado para acontecer ano no passado. O que se pode esperar é uma adaptação desse show. Fique em casa, não saia, a gente vai chegar até vocês! – convida Kledir.
Os dois vão se reencontrar pela primeira vez desde o início da pandemia no Teatro Claro Rio, no Rio de Janeiro, sem púbico presencial – tanto Kleiton, 69, quanto Kledir, 68, estão imunizados contra a covid-19. Mesmo afastados, seguiram na ativa tocando projetos e até aderiram às lives, cada um em sua casa. Ainda assim, nada substitui um show no palco.
Não ter público presencial, segundo Kledir, é um desafio. Será necessário imaginar a audiência. Contudo, com a transmissão online, abre-se a possibilidade de cantar gratuitamente para milhares de pessoas. O show poderá ser acessado em gzh.com.br, pelos canais da dupla e do Teatro Claro Rio no YouTube e pelo canal 500 da Claro TV. Kleiton afirma:
– Depois que você se torna profissional e passa a fazer espetáculos, isso se torna um vício muito saudável. Subir em um palco é uma terapia emocional fantástica. Está sendo um sonho a gente voltar depois desse período terrível que estamos vivendo. É um momento glorioso. Não sei nem descrever, mas vai ser muito parecido com fazer o primeiro espetáculo da vida.
Esperança
Não somente de hits como Deu pra Ti, Maria Fumaça e Vira Virou será feito o espetáculo. Também devem ser cantadas outras músicas que marcaram a história da dupla. O último single lançado, em conjunto com o MPB4, Paz e Amor, já está previsto no setlist.
– Tem muita gente caindo na real de que as coisas estão malfeitas, mal estruturadas. Todos querem que o mundo mude, mas poucos querem fazer uma mudança pessoal. Essa nova música ajuda a refletir sobre isso com esperança. Tem um reflexo disso que estamos vivendo nesse momento. Tem essa angústia de estar vivendo uma pandemia mortal, com tantos brasileiros mortos, ao mesmo tempo em que eu vi muitos movimentos de solidariedade surgindo – diz Kledir.
Haverá também no espetáculo um momento dedicado a contar as histórias da carreira dos dois. Inicialmente, explica Kleiton, pensava-se em falar sobre a trajetória da dupla, mas logo perceberam que isso era impossível.
A dupla, formada em 1980, passou por diversas fases e já misturou ritmos que vão do regional ao rock e ao erudito. Apesar do sucesso, deram uma pausa de sete anos na parceria, a partir de 1987.
Projetos
Entre os lançamentos mais recentes, estão Par ou Ímpar (2012), na qual os músicos se uniram ao também pelotense grupo Tholl, montando um espetáculo musical, teatral e circense que virou uma série, exibida na RBS TV no mesmo ano; e o disco Com Todas as Letras (2015), que propõe uma aproximação da música com a literatura por meio de parcerias com escritores como Caio Fernando Abreu, Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar, entre outros.
– Eu olho para trás com muito orgulho. Fico muito feliz de ver tudo que a gente construiu há 40 anos. As músicas até hoje são cantadas, são gravadas. Novas gerações chegam e começam a curtir a nossa obra. O maior presente que um artista pode ter é ver que sua obra não ficou datada – acredita Kledir.
As novidades não param por aí: Kleiton & Kledir 40 Anos é só o início da programação de 2021. Em julho os músicos devem ir à capital gaúcha para apresentar um show com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). Ainda no segundo semestre, a biografia sobre a dupla, escrita por Emílio Pacheco, deve ser lançada. Outros projetos, ainda sem data, incluem shows em Nova York, entre outras cidades norte-americanas, exposição retrospectiva multimídia, cinebiografia dirigida por Edu Felistoque e um programa especial para a TV.