A traumática saída de Max Cavalera do Sepultura, em 1996, foi um dos assuntos do Conversa com Bial na noite desta quarta-feira (4). O baixista Paulo Jr. e o guitarrista Andreas Kisser recordaram o momento e falaram sobre os projetos futuros da formação, que segue estudando possibilidades em função da pandemia do coronavírus.
Acreditando ser o fim da banda com a saída de Cavalera, Paulo Jr. não conseguiu conter as emoções em um voo da Inglaterra para o Brasil. Na época, a banda tinha recém-lançado o disco Roots.
— Eu voltei do último show que fizemos juntos, no Brixton Academy, em Londres, chorando no avião. Na hora eu pensei: "Fodeu, não sei o que vou fazer agora" — contou.
Kisser também falou sobre o período de adaptação após a saída de Cavalera.
— A gente teve essa ideia de continuar em trio, fiz aula de vocal, foi terrível, o dono da gravadora viu, foi para o ensaio, suspendeu o contrato — lembra o guitarrista.
Dois anos depois, o norte-americano Derrick Green assumiu o posto de cantor. Outra instabilidade enfrentada foi com a saída do baterista Iggor Cavalera, que deixou o Sepultura em 2006 após voltar a falar com o irmão Max. No Conversa com Bial, Kisser contou que a relação com os dois não é uma amizade formal, mas que ocorreram alguns reencontros esporádicos.
— Tocamos uma vez em um festival na Alemanha em que os nossos ônibus de turnê ficaram estacionados lado a lado e foi inevitável (encontrá-los). Quando a gente se encontra pessoalmente é sempre muito respeitoso. O que a gente vai fazer, sair na mão? Não tem sentido isso. Nosso contato já foi mais conturbado, mas tem funcionado bem nos últimos tempos — disse o guitarrista.
No momento, os músicos aguardam a liberação de autoridades para realizar shows do álbum mais recente do Sepultura, Quadra, lançado em fevereiro deste ano. A expectativa era de passarem por turnês pelo Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia.
— O heavy metal sem abraço não existe — brincou Paulo Jr.
O baixista também destacou que não tem planos para parar de tocar, mesmo sendo o único integrante remanescente da formação original.
— A aposentadoria será no caixão, quando eu for para a verdadeira sepultura — finalizou.