Ícone do rock argentino, Andrés Calamaro, que fez sucesso nos anos 1970 com a banda Los Abuelos de la Nada e nos anos 1990 com o grupo espanhol Los Rodríguez, tem show marcado para esta quinta-feira (31) em Porto Alegre. Aos 58 anos, ele apresenta seu mais recente trabalho de estúdio, Cargar la Suerte, lançado em 2018, no bar Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).
Os ingressos custam de R$ 95 (solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível) a R$ 180 (inteira), à venda no local e em sympla.com.br, com taxas. Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante.
Em entrevista à GaúchaZH, Calamaro falou sobre o show desta noite e o disco Cargar la Suerte.
O que podemos esperar de sua apresentação em Porto Alegre?
Um cantor humilde com um quarteto de luxo. Vou com total respeito por esse solo. Cantar no Brasil é como chegar à lua, ao futuro.
Como foi a concepção e o processo de gravação de Cargar la Suerte?
Muito bom, gravamos em alguns dias. Não há tempo para ficar entediado no estúdio. Eficiência e camaradagem. Nós gostamos de cada momento gravando o disco. Um elenco extraordinário, como conceito e processo.
Que influências ou inspirações você buscou para o álbum?
Procurei me associar aos acordes de Germán Wiedemer (tecladista e pianista), fizemos juntos as músicas do álbum e gravamos com todos os métodos de Gustavo Borner (engenheiro de som e produtor do disco). Dois argentinos muito bons. Para o próximo álbum, mostrarei minhas influências mais claramente. As cartas estão na mesa.
O que há de autobiográfico em Verdades Afiladas?
Isso aparece em todas as canções. Metade verdades, metade mentiras. São mais metafóricas que autobiográficas. Fora do eixo da literalidade.
O que você acha do rock argentino de hoje? E o rock internacional? Do que você gosta?
Rock e atualidade são palavras que não precisam andar juntas. Como conceito, a música existe e desaparece, é um tempo real. Música é o que ouvimos. Eu gosto dos Allman Brothers.
O que você gosta na música brasileira?
Cartola, Adoniran Barbosa e Moacir Santos.
Em 2018, você completou 40 anos como músico profissional, quando você se juntou a Raíces. Como você acha que evoluiu como artista? O que não mudou?
Espero ser uma versão melhorada daquele garoto. E estar cantando melhor. Minha curiosidade permanece intacta. E o fígado. Há 40 anos, era aspirante a música, agora nem isso.
Durante sua juventude, você viveu uma ditadura na Argentina. Como foram esses anos para você?
Eu era adolescente, poderia ter sido pior. Foi pior para parte da minha geração. Foram anos de doenças venéreas, maconha, polícia e música. Eu era jovem demais para emigrar, não tinha escolha a não ser fumar aquele tijolo.
Qual é o papel do artista em tempos de tensão social e política como este?
Estamos na América Afro-Latina. Armas de fogo e canções coexistem. Um artista popular é condenado a ser transversal, gostar e ofender. Uma "cara de cachorro" e sem demagogia.