Aos 29 anos, com o segundo disco da carreira recém-lançado, o paulista João Camarero pode ser considerado um dos maiores instrumentistas do Brasil. Ligado de variadas formas a alguns dos grandes nomes do violão nacional, de Luizinho Sete Cordas a Cristóvão Bastos, o jovem vem se destacando pelo estilo ponderado e sutil com que maneja o instrumento e salpica referências em suas interpretações. Hoje, às 20h, João Camarero sobe ao palco do Instituto Ling (Rua João Caetano, 440) para apresentar seu segundo disco, Vento Brando, lançado em 2019. Os ingressos, a R$ 50, estão à venda em institutoling.org.br ou na bilheteria do local.
No recital solo, o músico vai passear entre os limites do popular e do erudito – um dos pontos de partida de seu trabalho –, com obras de Radamés Gnattali, Garoto, Agustin Barrios e Raphael Rabello, com quem é constantemente comparado, devido tanto à semelhança física quanto à maneira sentimental com que se relaciona com o instrumento. Interpretará também composições autorais, como a faixa que dá nome ao disco, composta em parceria com Cristóvão Bastos, que foi seu professor após a mudança de São Paulo para o Rio. Antes, quando saiu de sua cidade natal, Avaré, rumo à capital paulista, foi recebido por Luizinho Sete Cordas, outro mestre do violão.
– Raphael Rabello é uma estrela guia. Não só para o violão, mas para a música brasileira. Sobre Cristóvão e Luizinho, não sei nem medir a importância, porque é algo já intrínseco. Luizinho me apresenta o sete cordas tradicional, e Cristóvão me liberta de uma série de amarras musicais – avalia.
O show de hoje é baseado em Vento Brando, disco que sucede sua estreia, com o elogiado João Camarero (2016). Para o músico, as faixas são um resumo de toda sua trajetória até aqui, mas também um tratado pessoal.
– Representa sobretudo uma busca estética, de acabamento, de ter uma interpretação madura. Sou eu tentando olhar minha arte de cima, colocando a música à frente do meu violão – explica.
Aqui, Camarero vai encontrar um terreno cada vez mais fértil para o choro. Para ele, uma realidade que representa a diversidade que o ritmo permite.
– É uma grande responsabilidade tocar neste celeiro de grandes violonistas. A diferença entre o choro gaúcho e o carioca, que é minha escola, é clara. O Sul tem uma força, um vigor típico – diz.