Gal Costa tem rejuvenescido e, com ela, o seu público. Desde o disco Recanto (2011), passando por Estratosférica (2015), ela vive uma elogiada fase, experimentado novas sonoridades e levando, segundo ela, uma audiência renovada para seus shows. Os fãs tarimbados de outros carnavais sabem que essa inquietação faz parte da própria essência de Gal, até hoje uma autodenominada tropicalista, mas a verdade é que ela está hoje cercada de uma nova turma de criadores. Mais precisamente, vive um encontro de gerações, como se passado e presente se misturassem de forma indissociável.
Essa multiplicidade de Gals estará em Porto Alegre neste domingo (17) para mostrar o repertório de seu mais recente disco de gravações inéditas, A Pele do Futuro (2018), no Teatro do Sesi. Será uma noite para bater pezinho e se remexer na poltrona, já que o álbum e o show trazem o espírito da disco music, ideia que a cantora teve quando Gabriel, seu filho adolescente, descobriu I Will Survive, o hino de Gloria Gaynor de 1978.
Acompanhada de uma banda de jovens talentos formada por Pupillo (bateria), Chicão (teclado), Pedro Sá (guitarra), Lucas Martins (baixo) e Hugo Hori (sax e flauta), ela cantará faixas do novo disco – compostas por nomes consagrados, como Gilberto Gil, Djavan e Adriana Calcanhotto, e novos como Dani Black e Tim Bernardes – e recriações de clássicos como Vaca Profana; London, London; As Curvas da Estrada de Santos e Sua Estupidez.
– Tenho várias Gals dentro de mim, e todas elas refletem o que sou hoje. Sou uma mistura de tudo que vivi com o que aprendo hoje. Sou plural como acho que toda pessoa deve ser. Comecei minha carreira cantando em um estilo bem joão-gilbertiano, influenciada pela bossa nova, passei pelos anos 1960, na época da ditadura, pelo Tropicalismo. Já fiz clássicos, música experimental, rock. Meu temperamento é esse: não me ater a um tipo de música e juntar tudo com o passar dos anos – diz Gal, por e-mail.
De A Pele do Futuro estarão presentes, entre outras, Palavras no Corpo e Sublime, esta a sacolejante composição de Dani Black que abre o disco e obteve a aprovação de Gabriel.
– Queria um disco de que qualquer pessoa, de qualquer idade ou preferência musical, pudesse gostar. É um disco jovem, que tem uma Gal cantando de maneira nova. Escolhi as canções não só pelos compositores, mas pela proposta do álbum. É um disco maduro, alegre, para tempos sombrios. É um frescor para um momento como esse.
Outra faixa irresistível é Cuidando de Longe, gravada em parceria com Marília Mendonça, também uma das compositoras. Houve quem torcesse o nariz para seu encontro com a rainha da sofrência, mas Gal não se faz de rogada. Considera um dos papéis do Tropicalismo justamente mostrar "o valor de cada artista":
– Vejo na Marília uma cantora muito singular, diferenciada de todo o estilo sertanejo. Ela tem uma maneira única de compor e cantar. Tem um talento enorme. Por que não gravar com ela?
Depois de ter apresentado em Porto Alegre um show dedicado a Lupicínio Rodrigues, ela vai reservar um momento deste espetáculo para cantar Volta, que gravou no clássico disco Índia (1973). É a Gal subtropical:
– Lupicínio sempre foi uma inspiração para o meu trabalho. As músicas dele ultrapassam a barreira e a fronteira de qualquer rótulo musical. E isso é o que eu acredito na minha carreira também. Tem sido muito bonito ver a emoção da plateia, e estou feliz demais em poder apresentar esse show no sul do país.
GAL COSTA EM "A PELE DO FUTURO"
Neste domingo (17), às 20h.
Teatro do Sesi (Av. Assis Brasil, 8.787), em Porto Alegre.
Ingressos de R$ 130 a R$ 180. Ingresso pago com Vale-Cultura: R$ 75 (apenas na bilheteria do teatro).
Venda antecipada nas lojas Multisom e no site blueticket.com.br. A bilheteria do teatro abre duas horas antes do início do show.