Além de celebrar uma década do lançamento de Triunfo, um dos primeiros sucessos da carreira do rapper Emicida, quem estiver presente nesta quinta-feira (10) no Opinião terá a oportunidade de acompanhar a primeira apresentação de Coruja BC1 em Porto Alegre, que fará o show de abertura. Integrante da nova geração do rap nacional, Coruja nasceu em Osasco (SP), mas se criou em Bauru (SP), o que o incita a brincar sobre sua "dupla nacionalidade" ao falar sobre suas origens. Nacionalmente, o jovem músico de 23 anos despontou na cena hip hop em 2016 com o lançamento do elogiado single Passando a Limpo, em que tece fortes críticas ao sistema politico brasileiro e demonstra suas habilidades de flow e rimas.
— Na realidade, eu só falei o que o meu público, o pessoal que vem de onde eu venho, das quebradas, tava comentando, sabe? Tipo, meus irmãos tavam falando as mesmas paradas, ansiando por alguém. Só que talvez não tinha uma voz com um alcance tão grande. A música permite isso, ela permite que a gente faça com que as nossas opiniões e o desejo de protesto do nosso povo cheguem mais longe — diz Coruja.
O single marcou também uma das primeiras parcerias do MC com o produtor Skeeter, responsável por toda a produção de batidas do primeiro álbum de estúdio de Coruja, Nos Dias dos Nossos (NDDN), lançado em 2017. Também foi no ano passado que o rapper assinou contrato com a Laboratório Fantasma, empresa comandada por Emicida e o cantor Fióti.
— Skeeter é meu irmão, ele é muito importante para o acontecimento do NDDN. Falo que ele é a peça principal do disco — afirma Coruja ao salientar a sinergia responsável pelo casamento afinado de versos e batidas que compõe seu álbum.
Amantes de sonoridades características do boom bap — estilo de batida clássica do rap — que embalou a década de 1990 no rap mundial, a dupla também arrisca em NDDN levadas traps (mistura de hip hop com música eletrônica), dialogando com referências do passado e do presente, em músicas que versam principalmente sobre a valorização da negritude e discute injustiças sociais.
Almejando se tornar o rapper mais versátil da cena, Coruja promete apresentar em sua estreia na Capital suas credenciais para alcançar tal condição, no que pode, a exemplo do que diz na faixa que abre o disco NDDN, ser o início "de um novo tempo, o nosso tempo".