Durante o Prêmio Açorianos de Música 2017, realizado na noite da última terça-feira (21), no Teatro Renascença, os nomes de Luiz Sérgio Metz (1952-1996) e Bruno Kiefer (1923-1987), indicados a prêmios de compositores, foram suprimidos do anúncio oficial na cerimônia. Metz – que também era conhecido como Jacaré – concorria na categoria de Melhor Compositor de Música Regional pelo disco duplo Com o Pé no Galpão e a Cabeça na Galáxia, coletânea que reúne o material de dois álbuns lançados nos anos 1990 pelo grupo Tambo do Bando, enquanto Kiefer participava na categoria Erudita por Música para Flauta de Compositores Gaúchos, de Leonardo Winter.
A ausência da citação dos dois nomes indicados foi criticada nas redes sociais. Dinorah Araújo, produtora do disco do Tambo do Bando, questionou em publicação no Facebook a decisão. Ela relatou que ouviu do coordenador de música da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, Paulo Moreira, a justificativa de que Jacaré teria sido retirado da disputa por sugestão de um dos jurados "porque ele é morto".
"A arte morre? Por que, então, ele foi indicado? Que coerência existe nesse fato? Existe desindicar algo? Por que a Coordenação de Música não me comunicou formalmente que o nome do Luiz Sérgio Metz havia sido retirado da lista dos indicados? Como podemos continuar acreditando nas instituições? O que vejo e sinto com fatos como este? Treva! Indignação!", questionou Dinorah no post.
Em publicação na sua página do Facebook, o jornalista Juarez Fonseca explicou o motivo da retirada dos compositores da premiação:
"Quem sugeriu a retirada dos nomes não apenas do Jacaré, mas também do Bruno Kiefer, fui eu. Por uma mancada dos integrantes do júri da categoria Regional, Jacaré foi indicado ao prêmio de compositor. Por uma mancada dos integrantes do júri da categoria Erudito, o nome de Bruno Kiefer foi indicado ao premio de compositor. Meu raciocínio foi simplesmente o seguinte: Jacaré morreu em 1996 e Kiefer em 1987. Como poderiam ter sido indicados se o Açorianos é relativo ao último ano de trabalhos lançados em discos? Isso não faz sentido e levaria a uma discrepância absurda se continuasse. Em um prêmio relativo a 2017, não se pode votar em compositores que nos deixaram há pelo menos duas décadas", escreveu.
Em sua página no Facebook, Paulo Moreira assumiu o erro da Coordenação de Música ao não comunicar a retirada dos trabalhos e pediu desculpa aos envolvidos.
"1) A inscrição do trabalho do Tambo do Bando estava correta e dentro dos prazos legais; 2) Luiz Sérgio Metz foi indicado a 'melhor compositor regional' junto com outros quatro profissionais pelo júri temático formado por dois músicos e um produtor / jornalista. A saber: Demétrio Xavier, Dorotéo Fagundes e Marcio Gobatto. A indicação foi publicada no DOPA (Diário Oficial de Porto Alegre); 3) Na fase final de votação, através de e-mail e posteriormente durante uma reunião do júri, um dos jurados contestou as indicações de Luiz Sérgio Metz e de Bruno Kiefer (indicado a melhor compositor erudito pelo disco vencedor, Música para Flauta de Compositores Gaúchos, de Leonardo Winter), pois ambos deixaram suas obras compostas anos atrás e não poderiam concorrer com autores que lançaram seus trabalhos no período de validade do prêmio. Ou seja, 1° de julho de 2016 a 30 de junho de 2017. 4) O citado jurado ainda apontou o fato de que o disco do Tambo do Bando é um relançamento em CD dos LPs Ingênuos Malditos, de 1990, e Tambo do Bando, de 1992. 5) A sugestão foi acatada e os dois compositores foram retirados da competição. 6) Neste momento, começam as minhas falhas como Coordenador de Música. Ao aceitar a sugestão, não fiz nem comunicado oficial e nem particular às produções dos referidos trabalhos. Peço desculpas aos envolvidos", explicou.