Depois de sete anos sem lançar um disco de músicas inéditas, o compositor, cantor e escritor pelotense Vitor Ramil lança Campos Neutrais, álbum e songbook em três shows, nos dias 20, 21 e 22 de outubro no Theatro São Pedro de Porto Alegre. Gravado em Porto Alegre, o trabalho mistura sotaques e idiomas em 15 canções inéditas de autoria de Vitor, além de versões para músicas de Bob Dylan e Xöel Lopez.
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O álbum terá três idiomas: português, espanhol e inglês; milongas e canções de muitos acentos e sotaques. As influências multiculturais ficam evidentes também na escolha de artistas que participaram das gravações do álbum como convidados e parceiros: o músico paraibano Chico César; e o maranhense Zeca Baleiro, a poeta pelotense Angélica Freitas, o poeta português António Botto e o poeta de Belém do Pará Joãozinho Gomes. No show, vão dividir o palco com Ramil os sofisticados metais do Quinteto Porto Alegre, com arranjos de Vagner Cunha e a percussão vibrante do argentino Santiago Vazquez. O songbook contém transcrições do repertório do disco, textos e fotos.
O significado
Em texto apresentando a campanha de financiamento coletivo que viabilizou o álbum, Ramil explicou o sentido do nome do novo disco: Campos Neutrais foram uma zona territorial neutra, definida de comum acordo em 1777 pelos impérios de Espanha e Portugal. Concebida originalmente como uma espécie de faixa-fronteira que atravessava o Rio Grande do Sul no sentido sudeste-noroeste, foi sua porção mais ao sul que entrou para a história como a dos Campos Neutrais por excelência: a extensa região onde atualmente estão as cidades de Chuí e Santa Vitória do Palmar. De acordo com o compositor, graças à rica mistura humana, ocorrida em grande parte à revelia das determinações oficiais dos reinos envolvidos, os Campos Neutrais tornaram-se emblemáticos da condição de fronteira do Rio Grande do Sul e do temperamento de seu povo.
Na geografia, são hoje simbolizados principalmente pela reserva ecológica do Taim e seu entorno, explica o autor. "No imaginário contemporâneo, abrigam ideias como liberdade, diversidade humana e linguística, miscigenação, comunhão, criatividade, fantasia e realidade, anti-oficialismo, anti-xenofobismo, inconformismo ou subversão, afirmando-se dessa forma também como uma reserva ecológica cultural", avaliou.