Foi com um misto de nostalgia e curiosidade que o público — majoritariamente acima dos 40 anos — que lotou o Opinião na noite de domingo (17) recebeu a banda britânica The Cult em sua segunda visita a Porto Alegre depois de nove anos. Nostalgia por relembrar hits que marcaram a virada dos anos 1980 para os 1990, e curiosidade para saber se a o grupo ainda tinha competência para executar o hard rock classudo que lheu deu fama mundial.
Bastaram os primeiros acordes de Wild Flower, música do álbum Electric (1987) que abriu o show, para qualquer dúvida ser dissipada. Emoldurada pela guitarra de Billy Duffy, a voz de Ian Astbury continuava potente, com seu timbre grave característico. Na sequência, o grupo emendou Rain, outro clássico oitentista, e a partir daí o que se viu foi uma celebração conjunta entre os músicos e o público.
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Visivelmente entusiasmado com a receptividade dos fãs gaúchos, Astbury — todo de preto, usando óculos escuros e sempre acompanhado de um pandeiro — interagia constantemente com a platleia, que até chegou a ensaiar com um coro de “Ian, Ian!”. Mas se o vocalista é responsável pela parte mais emotiva do som do The Cult, graças ao seu carisma e à interpretação visceral que confere às músicas, é Duffy que garante uma sonoridade própria à banda, com riffs empolgantes e um senso melódico de extremo bom gosto. Juntos, ambos formam uma das duplas de frente mais interessantes do hard rock, com personalidade suficiente para fazer a banda se distinguir da infinidade de grupos que surgiram no mesmo período.
O entrosamento dos britânicos também ficou evidente nas três músicas do seu mais recente álbum, Hidden City (2016), executadas no show: Dark Energy, Deeply Ordered Chaos e Birds Of Paradise, que contou com uma breve homenagem a Chris Cornell, vocalista do Soundgarden falecido em maio. Embora as faixas novas tenham sido respeitosamente recebidas, o público queria mesmo era ouvir os sucessos que fizeram o The Cult ser uma das bandas mais celebradas da década de 1980. Ciente disso, o grupo reservou uma trinca matadora para o final, composta por Sweet Soul Sister, She Sells Sanctuary — talvez o maior hit da banda no Brasil — e Fire Woman, todas cantadas a plenos pulmões até pelos mais comportados senhores que se abarrotavam no Opinião.
No bis, mais dois clássicos do álbum Electric, que completa três décadas neste ano: King Contrary Man e, claro, a indispensável Love Removal Machine. Quinze músicas e 85 minutos depois de subir ao palco, o The Cult encerrava um show enxuto, energético e eficiente, deixando os fãs gaúchos torcendo para que a banda não demore mais tanto tempo para retornar.