A cultura gaúcha, de sua forma mais bagual à expressão mais delicada, foi celebrada na noite desta terça-feira por mais de 80 artistas do Rio Grande do Sul, que subiram no palco histórico do Auditório Araújo Vianna para promover a quarta edição do festival O Grande Encontro. A exemplo do que ocorreu nas edições anteriores, gaudérios de todas as querências encheram os espaços do auditório para chorar, rir, gritar e cantar a música de seu Estado.
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O evento começou com uma bonita – e justa – homenagem a dois dos grandes responsáveis pelo tamanho que tem a cultura do Rio Grande do Sul: Tasso Bangel e Paixão Côrtes. O primeiro, compositor e maestro que criou o Conjunto Farroupilha, um dos grandes responsáveis por levar a música gaúcha para além dos pagos daqui. O segundo, senão o maior, um dos maiores folcloristas, pesquisadores e disseminadores da cultura do Estado, eternizado na figura do Laçador. Ambos foram homenageados pelas palavras do poeta Luiz Coronel:
– Se o Rio Grande os marcou na paleta, eles também deixam sua marca no jeito de ser do gaúcho.
Assim que a música começou, com o obrigatório Hino Rio-Grandense, cantado na belíssima voz de Cristina Sorrentino, a plateia ajudou a fazer coro para quem subia ao palco. Luiz Carlos Borges e o Tambo do Bando foram os primeiros a emocionar com a interpretação de Roda carreta. Se Shana Muller mostrou como a música gaúcha pode ser sensível com sua releitura de Era uma vez – ao lado de Pedrinho Figueiredo, Daniel Sá e Vitor Peixoto –, Mano Lima lembrou a mais típica música bagual do Estado ao subir no palco com seu tradicional acordeon.
O festival abriu espaço ainda para apresentações como a do personagem Guri de Uruguaiana, interpretado por Jair Kobe, que deu o tom de humor ao evento; de Kleiton & Kledir, que mostraram o pop gaúcho de Maria fumaça; e sua faceta mais rebuscada, com a interessante parceria de Gilberto Monteiro e sua gaita e Hique Gomes e seu violino, que combinaram bem com a melodia de Saudades de Colônia.
Um dos momentos de maior empolgação da plateia foi quando Daniel Torres e Dante Ramon Ledesma interpretaram a política América Latina: muitos se levantaram de suas cadeiras, outros levantaram os braços como quem se manifestava na rua, e praticamente todos cantaram juntos o refrão, para depois ouvirem da boca de Ledesma:
– Viva o Rio Grande latino! Lutem pela democracia!
Por fim, Os Fagundes e Elton Saldanha apresentaram o hit Canto alegretense e foram acompanhados em uníssono pela plateia. Foi assim desde o início: ladeados pela banda base formada por Guilherme Goulart, Marco Michelon, Matheus Alves, Miguel Tejera e Paulinho Goulart, os artistas revezarem-se no palco, um chamando pelo outro, durante toda a extensão do festival – sempre se despedindo e sendo recebidos abaixo de aplausos efusivos da plateia, empolgada. O evento foi filmado e deverá ser transmitido pela RBS TV, no programa Galpão crioulo, nos dias 4 e 11 de dezembro.