A megalomania de Lucas Silveira não arrefeceu, pelo contrário: a começar pelo título, A sinfonia de tudo que há, novo disco da Fresno, mantém a tendência de grandiosidade dos trabalhos anteriores da banda gaúcha, mas avança em direção a novos caminhos. Lançado nas mídias digitais na madrugada desta quinta-feira, sem muito alarde, o álbum reúne baladas com orquestras, rockões com cama de guitarras e uma parceria com um dos maiores nomes da história da música nacional, Caetano Veloso, na faixa Hoje eu sou trovão (ouça o álbum completo no player abaixo).
Se a Fresno nasceu e cresceu na (e também por causa da) internet, o lançamento de Sinfonia... manteve a regra. Anunciado com antecedência nas redes sociais do grupo, o disco gerou expectativa crescente entre os fãs – horas antes de divulgar de fato o álbum, o vocalista Lucas Silveira deu uma espécie de entrevista coletiva aos fãs por meio de um vídeo no Facebook, com direito a prévias das faixas.
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– Minha expectativa é das maiores possíveis, porque esse disco foi muito difícil de gravar. A gente queria fazer um negócio diferente de tudo que a gente já fez, e fazer um bagulho diferente quando tu já fez muitas coisas é bastante difícil – disse o vocalista. – Eu comecei a escrever músicas em 2013. Tem músicas desse disco que inclusive são de antes. Daí um amigo meu falou em escrever um musical, eu quis escrever um musical, escrevi muitas músicas loucamente e, a partir daí, fiquei com vontade de fazer músicas que contem uma história. Isso não precisa ficar claro, mas eu queria contar uma história, e o disco conta uma história, em ordem – finalizou.
Lucas acabou de lançar The life and death of Beeshop, segundo disco de seu projeto solo, Beeshop. Com a Fresno, havia lançado o EP Eu sou a maré viva, em 2014, e o disco Inifito, em 2012. A sinfonia de tudo que há é o sétimo disco da banda. Com 11 faixas, o disco passa por rocks já bastante característicos da Fresno, com riffs fortes e elementos eletrônicos (Deixa queimar), momentos de violão e voz (O ar tem praticamente só esses dois elementos) e composições épicas, que remetem à ideia de sinfonia (Poeira estelar e Axis mundi, por exemplo). Nas letras, a recente imersão de Lucas em assuntos espaciais segue recorrente, com usos dessa metáfora para falar sobre a insignificância do homem perante a grandiosidade do universo.