Vitor Ramil é um homem de seu tempo, mas seu tempo é sempre. Ele unirá passado e presente em dois concertos com a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro neste sábado (22/10), às 20h, e domingo (23/10), às 18h, no teatro que dá nome à orquestra. Os ingressos estão esgotados desde o início da semana. Com regência do maestro Antônio Carlos Borges-Cunha, Vitor e o conjunto interpretarão canções que marcaram sua carreira, como Milonga de sete cidades e Astronauta lírico. Celso Loureiro Chaves assina o arranjo de Indo ao pampa; os demais são de Vagner Cunha – duas parcerias longevas.
– Os arranjadores foram sempre muito abertos às minhas sugestões. Para mim, já se tornou difícil tocar certas músicas, como Livro aberto, sem a orquestra – diz Vitor. – Esses concertos sempre privilegiaram bastante as "ramilongas", que se mostraram muito adequadas às cordas. Para essas apresentações, o maestro Cunha sugeriu que, além das milongas, tocássemos as canções que registramos no disco Foi no mês que vem (2013).
Atualmente, o músico trabalha em seu novo álbum, chamado provisoriamente de Campos neutrais, sem previsão de lançamento. Será um repertório inédito, "com muitos parceiros". Campos neutrais, explica Vitor, referem-se à área entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, simbolizada pela reserva do Taim, que no passado foi uma "zona neutra" entre Portugal e Espanha:
– Os campos neutrais se tornaram emblemáticos da condição de fronteira do Rio Grande do Sul. No imaginário contemporâneo, sugerem liberdade, diversidade humana e linguística, miscigenação, comunhão, criatividade, fantasia e realidade, anti-oficialismo, anti-xenofobismo, inconformismo ou subversão, afirmando-se dessa forma também como uma reserva cultural.
Uma das canções do álbum será Ana, versão de Sara, do Nobel de Literatura Bob Dylan, que para Vitor é "um dos maiores artistas do nosso tempo". Acredita que o próprio Nobel se engrandeceu ao premiá-lo, uma mudança de paradigma "destemida para uma fundação tradicional de imagem tão consolidada".
O tempo é fértil também no âmbito pessoal: Vitor será avô em breve. Em certo ponto, arte e vida se misturam.
– Tem uma letra do disco novo que diz: "Viver é maior que a realidade". Nossa netinha, filha do Ian e da Laura, é parte do viver. Ela deu sinais de que pode chegar a qualquer momento. E os momentos são de puro amor e emoção – afirma o músico.
PROGRAMA DOS CONCERTOS
- Bachianas brasileiras nº 4 – Prelúdio (Villa-Lobos)
- Foi no mês que vem (Vitor Ramil)
- Livro aberto (Vitor Ramil)
- O primeiro dia (Vitor Ramil)
- Noite de São João (Vitor Ramil/Fernando Pessoa)
- Querência (Vitor Ramil/João da Cunha Vargas)
- Milonga de sete cidades (Vitor Ramil)
- Perdão (Vitor Ramil/J.S. Bach)
- Vem (Vagner Cunha/Vitor Ramil)
- Neve de papel (Vitor Ramil)
- Deixando o pago (Vitor Ramil/João da Cunha Vargas)
- Indo ao pampa (Vitor Ramil)
- Estrela, estrela (Vitor Ramil)
- Astronauta lírico (Vitor Ramil)