A maldição do segundo disco não vitimou O Terno. Sabe aquela lenda, que diz que se uma banda faz muito sucesso no disco de estreia, vai fracassar no álbum posterior? Com o trio de São Paulo, que bombou com 66 (2012), o infortúnio não se concretizou. Não que O Terno não tenha passado pela angústia de tentar manter o sucesso da estreia, mas os paulistas, que fazem show esta noite, às 22h, no Opinião (José do Patrocínio, 834), chegam ao seu aguardado terceiro álbum com a mesma inventividade que os destacou na estreia, e novos elementos que mostram o que a banda ainda tem a oferecer.
– No primeiro disco, você faz o que consegue. No segundo, é mais consciente. O terceiro acaba sendo "nossa, então é tudo verdade, a gente vai fazer mais um disco". É isso mesmo que eu vou fazer da vida? É meio que se assumir como músico – diz o guitarrista e vocalista Tim Bernardes.
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Tim conta, por exemplo, que a banda se acostumou a transformar as apresentações ao vivo no clássico show de rock: catarse, barulho e destruição, quanto mais melhor. Na transição entre o segundo disco – O Terno (2014) – e o lançamento mais recente, os três guris de São Paulo decidiram usar o processo de amadurecimento musical pelo qual passavam para transformar também os shows.
Agora, sem medo de ouvir silêncios da plateia, o trio passou a investir também nas composições mais intimistas, como as recentes Nó, Depois que a dor passar e Volta.
Em Melhor do que parece, O Terno não foge muito de suas composições com ar de crônica, das músicas que alternam entre a psicodelia onírica e o rock quase juvenil e dos vocais inspirados em Beatles e Beach Boys. As letras, principalmente, mantêm a criatividade das já clássicas 66, Quando estamos todos dormindo e Ai, ai, como eu me iludo – músicas que impulsionaram a carreira da banda nos dois primeiros discos –, mas têm uma visão mais otimista em relação às anteriores, conforme Tim Bernardes, o responsável pelas concepção das faixas do disco:
– Têm músicas com uma espécie de filosofia otimista, um ponto de vista mais animado, mas tem essa coisa de falar de momentos de um ciclo, de reflexões mentais. Acho que há músicas tristes, também, mas é um disco mais aberto do que os dois anteriores, no sentido de apresentar coisas que a gente nunca tinha feito. A proposta do disco anterior era mais do inconsciente, do sonho, este é mais contente.
Novos arranjos para receber pop, samba e soul
Mas desta vez há mais: há cordas, há sopros, há sintetizadores, há uma noção mais clara do pop, há samba torto (O orgulho e o perdão), há muito soul. O que Tim chama de "expansão" da banda surgiu de um período, em setembro do ano passado, em que os três se trancaram no sítio do produtor Gui Jesus Toledo para "descobrir sonoridades" e achar o caminho que Melhor do que parece tomaria:
– Por sermos um trio e termos essa limitação numérica de formação de banda, quando chegamos no estúdio, queremos mais é expandir, gravar tudo que der. Quando ficou pronto, a gente teve que se virar para ver como isso ficava no show. – conta Tim, já projetando a apresentação em Porto Alegre. – É uma dificuldade transpor tudo isso para o palco, um desafio ao mesmo tempo legal e sofrido. A gente está receoso, com medo, curioso, tudo ao mesmo tempo.
O Terno
Hoje, às 22h.Opinião (José do Patrocínio, 834)
Ingressos: R$ 80 (inteira), R$ 45 (valor promocional, mediante doação de 1kg de alimento) e 50% para sócio do Clube do Assinante e um acompanhante.
Pontos de venda: Youcom Bourbon Wallig (apenas em dinheiro, sem cobrança de taxa), lojas Youcom dos shoppings Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, BarraShoppingSul, Bourbon Novo Hamburgo e Canoas Shopping, lojas Multisom Andradas 1001 e Bourbon São Leopoldo (apenas em dinheiro, com taxa de R$ 5) e pelo site www.minhaentrada.com.br/opiniao.