— Com quem vamos conversar agora, pessoal? — pergunta a apresentadora do Autor no Palco a uma plateia formada por 270 estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, na tarde desta quarta-feira (6).
Em uníssono, um nome ecoa por todos os lados do Teatro Carlos Urbim, na 65ª Feira do Livro de Porto Alegre:
Gritos e aplausos empolgados aumentam ao surgir no tablado a professora e escritora com longa trajetória na literatura para crianças e jovens, Maria Eunice Garrido Barbieri, que neste ano é a patrona do evento.
— Cada público tem suas próprias características. Com criança a gente tem que brincar. E é o que farei também com eles — disse Marô, como é conhecida, segundos antes de ficar frente a frente com o público.
Os estudantes conhecem como ninguém o trabalho da patrona. Desde 1989, quando estreou com Minda Zoológica, Marô foi conquistando o seu público com obras como o Rapto do Líquido Mágico (1990), Zica: A Formiga-Bruxa (1996) e a Bolinha que Não Rolava (2002). Mas o livro mais conhecido, e também o mais celebrado entre os presentes na apresentação desta quarta, é Tinoca Minhoca, publicado em 1991, que conta a história de uma minhoca surfista.
Durante quase uma hora, Marô não perdeu a atenção de alunos e professores — inscritos previamente para o encontro.
— Hoje, a Tinoca não vai me atazanar e poderei distribuir um milhão de beijos aqui, mas só vai ganhar quem prestar a atenção! Ôôô, guri, presta a atenção! — alertou Marô, chamando para a conversa um menino que cochichava ao lado, fazendo o próprio começar a rir.
Mesclando os personagens das histórias escritas por ela, Marô mostrou-se uma experiente animadora de plateia. Dividiu o teatro em duas equipes, promoveu brincadeiras, fez todos ficarem em pé, erguerem as mãos para pegar a energia do ar e até convidou a professora Gabriela Pahl, da E.M.E.F. Prof. Adolfina J.M. Diefenthäler, de Novo Hamburgo, para ser o computador mágico da competição entre as escolas.
— Tremi um pouquinho quando vi toda aquela gente na minha frente, mas depois deu tudo certo. Sou professora e estava ali para ajudar — disse Gabriela, logo depois de receber o "passe mágico" de Marô que lhe permitiu deixar de ser uma máquina.
As oito perguntas correspondiam a situações descritas nos livros da autora. A cada acerto, os pequenos punhos cerravam com força e a vibração aumentava. Alguns chegavam a colocar as mãos sobre os ouvidos, tamanha a euforia de alguns grupos. No final, não houve perdedores no jogo proposto pela escritora. Venceu quem participou daquele momento, encerrado com a dança da minhoca Tinoca. De fôlego renovado pela gurizada, Marô saracoteou em frente aos pequenos, arrancando ainda mais aplausos da plateia.