Ideia lançada durante uma das feiras do livro de Porto Alegre, o Banco de Livros está completando 10 anos de existência. Nesta edição, a entidade mantém um estande na entrada da área infantil e juvenil, na Praça da Alfândega, para arrecadar obras que depois serão doadas a instituições de todo o Estado. Nos primeiros seis dias desta Feira, foram recolhidos 2 mil livros.
Na quarta-feira passada, a jornalista Natalia Utz, 33 anos, visitou com a mãe, Josete, o estande do Banco, na Praça da Alfândega. Por iniciativa da matriarca, as duas decidiram doar parte do acervo do irmão de Natalia, Gustavo Utz, falecido recentemente. Ao todo,
as duas deixaram 66 obras diversas que passarão pela seleção, higienização e catalogação, antes de seguirem para as mãos de novos leitores. A grande quantidade de livros de uma única vez animou a voluntária Edeni Ramos Machado, 59 anos, que pediu uma selfie com as duas.
— Meu irmão era professor e frequentava a Feira. Como ele tinha uma pequena biblioteca, minha mãe decidiu doar parte dos livros porque esta foi a herança deixada por ele:
a cultura. Tenho certeza de que ele aprovaria este nosso ato resume.
Para manter o controle dos livros que entram, os voluntários registram o nome do doador, o telefone, o
e-mail, a data de entrega e a quantidade de obras.
Na iniciativa desde a criação, a educadora social Madalena de Freitas, 56 anos, é a responsável por mobilizar o grupo que se reveza no atendimento durante a Feira deste ano. Pelo menos 50 pessoas foram escaladas para a tarefa nesta temporada.
— Temos doadores que vêm todos os anos. Muitos preferem deixar os livros anonimamente, na caixinha que fica ao lado do nosso estande. O que vale é fazermos mais e mais leitores — comenta.
Criado pela Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, ligada à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), o Banco de Livros tem a missão de fazer circular o conhecimento, chegando às pessoas em situação de vulnerabilidade social e que não tiveram acesso à literatura e à leitura. Segundo o presidente Waldir da Silveira, em uma década foram recolhidos quase 1,2 milhão de livros, doados 500 mil destes para 895 instituições gaúchas.
— Nosso foco são os asilos, as creches comunitárias, as ONGs e os presídios. Ao todo, já encaminhamos 190 mil livros para 98 prisões do Estado. A leitura é um instrumento importante para ressocializarmos os encarcerados — justifica Silveira.
Ontem, em meio às celebrações, a entidade lançou, em parceria com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), o quarto volume do livro Vozes de um Tempo, escrito pelos apenados do sistema prisional gaúcho. Dez deles participaram com textos relatando as vivências de quem está privado de liberdade. A sessão de autógrafos ocorreu na própria Feira. Silveira ressalta que esta é apenas uma das iniciativas do Banco para fazer o conhecimento circular:
— Ainda temos muito a fazer, pois a carência é grande. Então, pedimos que aqueles livros que já cumpriram seu papel, ou seja, foram lidos ou não serão lidos, nos sejam doados para que possamos fazer muitas outras pessoas felizes.
Como doar
- Na Feira do Livro, o estande do Banco de Livros está em frente ao Memorial do RS e ao Espaço Cultural dos Correios, na entrada da área infantil e juvenil.
- As doações também podem ser feitas nos estacionamentos da Safe Park localizados em Porto Alegre, Alvorada, Canoas, Caxias, Gramado, Lajeado e Passo Fundo ou ainda podem ser entregues nas lojas da Redelar, em todo o Estado.
- Entidades que quiserem construir um espaço de leitura podem contatar pelo
e-mail: balcaodeprojetos@bancossociais.org.br