Desde o início do ano, o clima entre a prefeitura e a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL) não é dos melhores. O impasse começou com a falta de apoio à realização desta edição da Feira e com as alterações no programa Adote um Escritor. Mas nos últimos dias o que mais incomodou os organizadores foi a falta de limpeza na Praça da Alfândega. O problema foi resolvido somente nesta semana, quando a organização contratou uma empresa terceirizada para limpar a área interna da praça.
Nas edições anteriores, recolher o lixo era tarefa da prefeitura, por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Conforme Marco Cena, presidente da CRL, a prefeitura teria garantido à organização do evento que os serviços de limpeza não seriam cobrados.
_ Nos primeiros dias não tinha ninguém aqui (da prefeitura). As lixeiras estavam atoladas. Tinham nos garantido que haveria serviço, mas um acordo só foi assinado nesta semana. E nesse acordo a prefeitura colocou que não haveria coleta de lixo e outros serviços que foram solicitados no início do ano, como a manutenção do esgoto, para não alagar quando chove _ reclama o presidente.
Cena diz que a Feira não contou com muito apoio da prefeitura neste ano:
_ Eu esperava que a prefeitura tivesse a consciência de que a Feira do Livro traz gente para a praça, traz gente para a cidade, gente do estado, do brasil e até de fora. As pessoas consomem mais. E parece que eles não estão medindo toda essa contrapartida.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos disse que no dia 7 de novembro, um acordo foi firmado entre o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e a CRL. "No acerto, a entidade responsabiliza-se pelo asseio da área interna em que o evento é realizado. Ao DMLU compete a manutenção do entorno da Praça da Alfândega, bem como o recolhimento dos resíduos dispostos nos contêineres disponibilizados pelo Departamento".
Alterações no Adote um Escritor incomodam
Criado há 15 anos, o Adote um Escritor é um programa, em parceria da Secretaria Municipal de Educação (Smed) com a Câmara do Livro, que seleciona obras recém-lançadas para aquisição e trabalho em salas de aula. As atividades são encerradas com visitas dos autores às escolas e há a possibilidade de visita à Feira do Livro para encontro com o escritor, conforme Marco Cena, presidente da CRL.
Para Cena, em função da redução no valor dos repasses da Smed para a compra de livros pelas escolas, o Adote um Escritor ficou prejudicado.
_ As mudanças no programa estão refletindo aqui na Feira. Várias escolas suspenderam o program por não terem recursos suficientes e, por isso, não conseguem trazer os alunos para cá. Se tivessem nos falado sobre a falta de dinheiro lá no início do ano, teríamos nos mobilizado para manter o Adote do jeito que era e não transformá-lo em um Frankenstein _ aponta o Cena.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, as modificações no programa Adote um Escritor aconteceram porque, no entendimento da pasta, o projeto "havia perdido a sua essência", além da crise financeira que o município está vivendo. O órgão defende que o foco principal é o contato do estudante com o autor. A Smed repassou R$ 1,5 mil as escolas da rede municipal para investir conforme a preferência de cada instituição _ como transporte para a Feira do Livro e aquisição de exemplares. Além disso, a secretaria pagou R$ 500,00 para cada escola pagar o cachê do autor. A pasta garantiu a continuidade do programa, mas haverá uma avaliação após o fim do ano sobre a iniciativa.
Um ato, batizado de "Livraço", em prol do Adote um Escritor está programado para acontecer no dia 18 de novembro, a partir das 18h, na Feira do Livro. A ação, organizada pela Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura e pela Associação Gaúcha de Escritores, conta com o apoio de escritores, editores e interessados em livros.