Encenadora de dois espetáculos presentes na programação do 12º Festival Palco Giratório Sesc/POA, Duda Maia acredita que a experiência de assistir a Auê se assemelha à contemplação de uma obra de arte contemporânea. Não no sentido da abstração, pois o trabalho versa sobre um tema claro e acessível: o amor. Há, entretanto, uma perplexidade do público em relação à forma do espetáculo, que não é exatamente um show, nem uma peça de teatro musical. O que a diretora sabe é que os espectadores o acessam mais pelo lado afetivo do que racional:
– Comecei a gostar desse lugar híbrido em que não temos que rotular o espetáculo. Quem assiste é quem diz o que é.
Prepare-se: o que ver no 12º Festival Palco Giratório
Veja outros destaques do festival
Leia todas as notícias de Espetáculos
Com sessões neste sábado (6/5), às 20h, e domingo (7/5), às 18h, no Theatro São Pedro, Auê exibe sete atores-músicos interpretando, ao vivo, canções que eles mesmos compuseram a partir de suas experiências amorosas em todas as versões, da paixão ao ódio. Duda vê coragem nesses homens que não têm medo de externar seus sentimentos: choram, se rasgam, sofrem e pedem para ser aceitos.
As canções originais foram criadas, em parte, durante as turnês da Cia. Barca dos Corações Partidos (RJ) com seus musicais anteriores, Gonzagão – A Lenda (2012) e Ópera do Malandro (2014). Outras composições já vinham de antes e um terceiro grupo apareceu no processo do novo espetáculo.
– Geralmente, temos a ideia de uma separação entre o protagonista e o coro. Em Auê, todos são protagonistas em algum momento – explica Duda.
Embora o espetáculo não seja fruto de um roteiro convencional, há uma dramaturgia presente nas letras das músicas e nos movimentos dos atores-músicos. O trabalho corporal é uma assinatura da diretora a ponto de tornar os intérpretes praticamente insubstituíveis – afinal, tudo é criado a partir deles.
É o mesmo procedimento que deu origem ao espetáculo infantojuvenil A Gaiola, em cartaz nesta sexta-feira (5/5) e sábado (6/5), às 15h, no Teatro do Sesc Centro. Duda explica que procurou traduzir os sentimentos do livro homônimo de Adriana Falcão a partir das experiências dos atores Carol Futuro e Pablo Áscoli:
– Os dois espetáculos são diferentes, mas a essência é a mesma: encontrar primeiro o corpo para depois chegar à palavra, ao arranjo, à forma de interpretar a música.
Também um musical, A Gaiola se diferencia de Auê pela presença de uma trama bem definida. É o encontro de uma menina com um pássaro machucado do qual ela passa a cuidar. Cria-se uma história de amor. Depois de curado, o pássaro pede para a menina colocá-lo em uma gaiola para que não ceda à natureza de voar, e possam, assim, ficar juntos. Mas nem tudo sai como esperado. Duda conclui:
– Todos temos nossas gaiolas, mas também há o momento em que você tem vontade de experimentar outras coisas. A peça tem um final muito otimista.
AUÊ
Neste sábado (6/5), às 20h, e domingo (7/5), às 18h. Duração: 90 minutos. Classificação: 12 anos.
Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100.
A GAIOLA
Nesta sexta-feira (5/5) e sábado (6/5), às 15h. Duração: 50 minutos. Classificação: livre.
Teatro do Sesc Centro (Alberto Bins, 665), fone (51) 3284-2070.
Os ingressos custam R$ 10 (comerciários e dependentes com Cartão Sesc/Senac, estudantes, classe artística e idosos), R$ 15 (empresários e dependentes com Cartão Sesc/ Senac) e R$ 20 (público em geral).