A atriz Léa Garcia será velada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Conforme seu filho, Marcelo Garcia, a data da cerimônia ainda será confirmada. A artista morreu na terça-feira (15), aos 90 anos, em Gramado, onde seria homenageada pelo 51º Festival de Cinema de Gramado com o troféu Oscarito.
Léa sofreu um infarto agudo do miocárdio durante a madrugada. Ela chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, mas não resistiu e já chegou sem vida. O anúncio da morte foi feito em uma publicação no perfil oficial da artista no Instagram.
"É com pesar que nós familiares informamos o falecimento, agora na cidade de Gramado, no Festival de Cinema de Gramado, da nossa amada Léa Garcia", diz a postagem.
Léa chegou a participar do tapete vermelho do evento no último sábado (12). A cerimônia do Oscarito estava programada para ocorrer na noite de terça. A pedido da família, a homenagem foi entregue para o filho de Léa, logo na abertura da programação.
— A minha mãe morreu no glamour. Fiz questão de vir aqui porque o objetivo dela era receber este prêmio. Minha mãe me deu essa história de arte e cultura, e nessa história o show não pode parar. A Léa vive, ela está aqui, ela vai continuar. Ela queria que eu fizesse isso, tenho certeza. Quero agradecer a vocês pelo carinho e por tudo o que foi feito por ela. Vou dizer uma coisa que eu sei que ela diria aqui no palco: não desistam. Não desistam.
Legado
Nascida no Rio de Janeiro, Léa começou a atuar aos 19 anos, na peça Rapsódia Negra, de Abdias do Nascimento. Ao longo da carreira, a atriz participou de mais de cem produções no cinema, no teatro e na televisão, e recebeu quatro Kikitos pelos filmes As Filhas do Vento (2005), Hoje Tem Ragu (2008) e Acalanto (2012).
Em 1957, a atriz foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes, por Orfeu Negro. Ao longo da carreira, ela buscou quebrar barreiras:
— A homenagem reflete o reconhecimento de uma trajetória digna e plena de amor pela arte. Contudo, faço uma reflexão: como incorporar o negro no processo produtivo da cinematografia do Brasil? Não podemos assistir cinema apenas como entretenimento, há a necessidade de promovê-lo e debatê-lo em todos os aspectos — refletiu ela, recentemente, em entrevista a Donna.
Léa destacou-se em novelas como Selva de Pedra (1972), Escrava Isaura (1976), Xica da Silva (1996) e O Clone (2001). No ano passado, ela atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita.
Segundo a colunista Anna Luiza Santiago, do jornal O Globo, a artista tinha sido convidada para interpretar Inácia no remake de Renascer, que substituirá Terra e Paixão na faixa das nove da Globo. A personagem vivida por Chica Xavier (1932-2020) na versão de 1993 do folhetim de Benedito Ruy Barbosa era empregada da casa de José Inocêncio (Antonio Fagundes).