Um acordo de última hora feito no sábado (16) impediu uma greve de trabalhadores do cinema e da TV que poderia ter contado com cerca de 60 mil funcionários dos bastidores, paralisando, assim, produções em Hollywood e ao redor dos Estados Unidos.
Após dias de uma maratona de negociações, representantes da Aliança Internacional dos Trabalhadores de Cinema (IATSE) e de estúdios e companhias de entretenimento que os empregam chegaram a um acordo contratual de três anos antes do prazo final da greve, que seria segunda-feira (18). A negociação evitou um sério problema para uma indústria que acaba de voltar ao trabalho após longas paradas por conta da pandemia.
— É um final hollywoodiano — disse o presidente do sindicato Matthew Loeb. — Nossos membros se mantiveram firmes.
Os trabalhadores ainda devem votar para aprovar a decisão, mas a greve foi cancelada com a tentativa de acordo. Muitos em Hollywood comemoraram as notícias.
— Bom para IATSE por se posicionar ao nosso lado. E não esqueçam que nós estamos atrás de vocês qualquer hora que precisem de nós — escreveu o ator, comediante e roteirista Patton Oswalt no Twitter.
Outra atriz, comediante e roteirista, Yvette Nicole Brown tuitou: "#UnionStrong" (algo como "sindicato forte") junto a um link para uma reportagem sobre o acordo. "Parabéns aos irmãos e irmãs da IATSE!", postou Jennifer Garner no Instagram.
Os efeitos da greve teriam sido imediatos, com equipes não apenas de produções de longo prazo, mas de séries diárias, incluindo talk shows, deixando de trabalhar. Programas com curtas reviravoltas, como novelas, também sentiriam efeitos imediatos.
O sindicato representa cinegrafistas, operadores de câmera, designers de set, carpinteiros, cabeleireiros, maquiadores e muitas outras funções.
Membros do sindicato disseram que os contratos anteriores permitiam que os empregadores os forçassem a trabalhar horas excessivas e lhes negavam um descanso razoável por meio de pausas para refeições e tempo suficiente entre turnos. Líderes dizem que as funções menos pagas estavam recebendo salários invisíveis e em serviços de streaming, incluindo Netflix, Apple e Amazon, eram permitidos a trabalhar ainda mais por menos dinheiro.
Um comunicado da IATSE no sábado (16) informou que o acordo "atende a questões centrais, incluindo períodos de descanso razoáveis; intervalos para refeição; um salário digno aos que estão no fundo da escala de pagamento; e aumenta significativamente a compensação a ser paga por empresas de novas mídias".
O sindicato reportou em 4 de outubro que seus membros haviam votado massivamente para autorizar uma greve, dando início aos medos de toda a indústria, mas iniciaram-se conversas imediatamente entre a IATSE e a Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que representa os estúdios e outras companhias de entretenimento em negociações.
— Nós fomos dedo a dedo com algumas das mais ricas e poderosas empresas de entretenimento e tecnologia do mundo, e agora nós chegamos a um acordo com a AMPTP que vai ao encontro do que nossos membros precisam — disse Loeb.
O porta-voz da AMPTP, Jarryd Gonzales, confirmou que se chegou a um acordo.
O prazo de greve para segunda-feira (18) havia sido estabelecido na última quarta (13), quando as negociações haviam se estagnado, mas o sindicato disse que as conversas seguintes foram produtivas.
Essa teria sido a primeira greve nacional dos Estados Unidos nos 128 anos de história da IATSE, e não afetaria apenas a área de Los Angeles e Nova York, mas novos polos de produção como Georgia, Novo México e Colorado.
Durante as negociações, diversos nomes proeminentes no entretenimento se posicionaram a favor das demandas do sindicato, incluindo Octavia Spencer, Mindy Kaling e Jane Fonda. A Associação dos Diretores da América divulgou um comunicado em solidariedade, também, assinado por nomes como Steven Spielberg, Christopher Nolan, Barry Jenkins, Ron Howard e Ava DuVernay.