Um dos mais bem-sucedidos roteiristas do cinema britânico contemporâneo é o neozelandês Richard Curtis, 64 anos, que escreveu e dirigiu Questão de Tempo (2013), sucesso protagonizado por Rachel McAdams e Domhnall Gleeson.
O filme faz parte de uma carreira de clássicos das comédias românticas, que inclui os roteiros de Quatro Casamentos e um Funeral (1994), Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e Yesterday (2019). Ele ainda escreveu e dirigiu o sucesso natalino Simplesmente Amor (2003), que se tornou uma espécie de clássico de final de ano ao redor do mundo.
GZH relembra alguns destes grandes sucessos da carreira do diretor e roteirista e como assisti-los.
Quatro Casamentos e um Funeral (1994)
Mesmo lançado há mais de duas décadas, Quatro Casamentos e um Funeral segue sendo um queridinho do público. Recentemente, chegou a ser eleito o filme britânico mais digno de uma reprise, com 49% dos votos, em um levantamento do Google Pixel 5 em colaboração com o British Film Institute.
Na história — escrita por Curtis, mas dirigida por Mike Newell —, o inglês Charles (Hugh Grant) conhece uma intrigante americana, Carrie (Andie MacDowell), no casamento de um amigo. A relação deles evolui de forma inusitada, a partir dos encontros em outros três casamentos e um funeral, como o título adianta.
Além de dar início à dupla de sucesso Curtis e Grant, o filme também mostrou a capacidade do roteirista de criar personagens coadjuvantes tão interessantes (ou até mais) quanto os protagonistas. Disponível no Amazon Prime Video, para assinantes do pacote MGM.
Um Lugar Chamado Notting Hill (1999)
Falando da parceria de sucesso, aqui Hugh Grant retorna como um tímido inglês caindo de amores por uma força da natureza americana — de Andie MacDowell, o papel de estrangeira passa para Julia Roberts. Ela interpreta uma complexa estrela de Hollywood que, em uma passagem por Londres, acaba se encantando pelo atrapalhado livreiro (Grant).
Com rotinas absolutamente distintas, os encontros entre os dois são sempre interrompidos pela turbulência na vida dela, marcada pelos excessos de uma grande celebridade perseguida pela mídia. Aconselhado por um grupo de amigos ímpar, o protagonista precisa descobrir se está disposto a arriscar sua tranquilidade pelo amor da atriz. Tudo isso no simpático e peculiar distrito de Notting Hill.
Com roteiro de Curtis, a direção é de Roger Michell. Disponível na Netflix e Amazon Prime Video (para assinantes do pacote Paramount+).
O Diário de Bridget Jones (2001)
Curtis, é verdade, não criou Bridget Jones — ele apenas a adaptou aos cinemas. O roteiro é uma colaboração dele com Andrew Davies e Helen Fielding, a autora dos livros de Jones. Já a direção é de Sharon Maguire. Disponível no Now Online.
A trama acompanha Bridget (Renée Zellweger), uma britânica de 30 e poucos anos, alguns quilinhos a mais do que gostaria e um ódio latente por um dos seus pretendentes, o infame Sr. Darcy (mais uma vez interpretado por Colin Firth, após a série Orgulho e Preconceito da BBC, de 1995). O nome não é uma referência casual à obra de Jane Austen, mas uma piada recorrente na história, que busca transformar a protagonista em uma espécie de Lizzy Bennet do século 21.
Ainda sobra espaço para Hugh Grant, mais uma vez, que interpreta o chefe e pretendente de Bridget, Daniel Cleaver. Voltando à Austen, ele seria o correspondente a George Wickham: um charmoso e irrecuperável cafajeste.
Simplesmente Amor (2003)
Um digno filme de final de ano marcou a estreia de Curtis na direção: Simplesmente Amor (2003). Do início ao fim marcado pela visão otimista do roteirista sobre a vida, a produção reúne um elenco estelar que se divide em uma dezena de núcleos, cada um abordando o amor a sua maneira.
Enquanto Bill Nighly vive um músico decadente tentando forçar um retorno com um hit festivo (Christmas is all around me), Keira Knightley se casa, Liam Neeson participa com o enteado do funeral da esposa, Alan Rickman e Emma Thompson têm uma família, Colin Firth perde a companheira e Rodrigo Santoro é o maior crush de Laura Linney.
Como não poderia deixar de ser, até Hugh Grant está de volta e em grande estilo, como o Primeiro-ministro do Reino Unido. Em uma das cenas mais lembradas do filme, ele rebola sozinho pelos corredores do número 10 de Downing Street, a "Casa Branca" do país.
Questão de Tempo (2013)
Curtis retornou à direção de uma comédia romântica uma década depois, com Questão de Tempo. A obra traz uma espécie de "realismo mágico", ao retratar a incrível história de um homem capaz de viajar no tempo, voltando sempre para pontos-chave de sua própria vida.
Do melhor primeiro encontro possível até a prevenção de tragédias familiares, a habilidade parece uma grande dádiva — até ele perceber os efeitos colaterais de alterar o próprio passado. Seu pai, interpretado por Bill Nighy, é quem o guia por essa forma impensada de viver a vida.
Em relação ao elenco, Domhnall Gleeson toma o lugar de Hugh Grant, de protagonista desajeitado, enquanto Rachel McAdams é a mocinha da vez. Disponível na Netflix.
Yesterday (2019)
Já o mais recente trabalho de Curtis para o cinema é uma espécie de ode psicodélica aos Beatles: Yesterday. Ele assina o roteiro do filme, além de ter criado o argumento junto a Jack Barth. A direção é de Danny Boyle.
A história acompanha a trajetória do personagem de Himesh Patel, um músico em busca de fama, mas com pouquíssimas perspectivas para um futuro de sucesso. Até que, em uma inexplicável (e, realmente, não explicada) sucessão de eventos, todo o planeta esquece a existência dos Beatles, menos ele. Daí é um passo para se transformar no maior astro do mundo, a partir do encanto universal de canções como Yesterday, Something, Let It Be, Help e The Long & Winding Road.
O filme conta ainda com Lily James, como o interesse romântico do protagonista, e participações especiais de Ed Sheeran e James Corden. Disponível no Telecine Play.