Desenhados à mão ou com computação gráfica, a magia dos filmes de animação segue viva há mais de 80 anos. E se engana quem pensa que existe idade certa para aproveitar uma história animada. Do mítico Studio Ghibli às obras inovadoras da Pixar, passando pelos clássicos da Disney, há opção para todos os gostos dentro do gênero.
Para compor este ranking, GZH fez um levantamento da aprovação alcançada por filmes de animação em sites especializados. Foram considerados o score no Metacritic (o "metascore"), a aprovação no Rotten Tomatoes (o "tomatometer"), assim como a nota do público no IMDb. Uma média das três avaliações (colocadas na mesma escala) definiu os 20 melhores que você confere a seguir.
Produções que não tinham avaliações em todas as bases de dados consultadas ficaram de fora do levantamento. Veja a lista:
20. Os Incríveis (2004)
Os super-heróis também fazem sucesso nas animações — embora, justiça seja feita, Os Incríveis já comendavam as telas bem antes do Universo Cinematográfico Marvel sequer existir. É um dos sucessos da Pixar, o estúdio que revolucionou o cenário das animações nos últimos 25 anos com tecnologia inovadora e tramas que mobilizam das crianças aos adultos. Aqui, uma breve história da ascensão e queda dos heróis, que precisam aprender a agir como humanos normais para serem aceitos na sociedade. Uma crise de meia-idade mal resolvida de um pai de família, contudo, acaba alterando o jogo para um clã de super-poderosos. Direção de Brad Bird. Média 89,00.
19. Homem-Aranha no Aranhaverso (2018)
Os super-heróis seguem na linha de frente com Homem-Aranha no Aranhaverso de Peter Ramsey, Bob Persichetti e Rodney Rothman, vencedor do Oscar de melhor animação em 2019. A história tem início com Miles, um jovem com pai negro e mãe porto-riquenha, que desenvolve superpoderes após ser picado pela tal aranha radioativa. Mas sem maiores problemas: fã do Homem-Aranha, ele só precisa usar um serviço capaz de acessar universos paralelos para encontrar com Peter Parker. Ele logo descobre, contudo, que não existem apenas dois Homens-Aranha circulando pelo multiverso. Média 89,33.
18. Up: Altas Aventuras (2009)
Com outra produção da Pixar, é a vez de um dos longas mais sentimentais do estúdio: Up: Altas Aventuras. Já na sequência inicial, Pete Docter retrata um amor verdadeiro do início ao fim. É a deixa para apresentar Carl, um velhinho septuagenário que fica sozinho em sua casa, apenas com lembranças, após a morte da esposa. Rabugento, sua paz é extinguida por empresários de olho em seu terreno. Sem opção, ele levanta voo com a própria casa, levado por balões, em uma das cenas que entrou para a história do cinema. Ele logo descobre, contudo, que um pequeno escoteiro solícito, porém indiscutivelmente atrapalhado, se tornou seu companheiro acidental em uma aventura rumo à América do Sul. Média 89,33.
17. Sita Sings the Blues (2008)
Filme independente, idealizado e realizado pela cartunista Nina Paley, que o disponibiliza gratuitamente em seu website. É uma adaptação, com um cunho de comédia dramática, do épico Ramayana, uma das obras mais importantes do hinduísmo e da cultura indiana de forma geral. Na história, o príncipe Rama é exilado e sua esposa decide acompanhá-lo, mas acaba sendo sequestrada por outro rei cruel. Ela é resgatada, mas daí por diante o marido não confia mais nela completamente, por ter morado com outro homem. Fiel e devota ao marido, a tragédia da moça é completa. Nina ainda faz paralelos entre a animação e sua biografia. Mesmo com avaliações limitadas (são 32 críticas no Rotten Tomatoes e 11 no Metacritic), Sita Sings the Blues recebeu aprovação constante. Média 89,67.
16. O Conto da Princesa Kaguya (2013)
Produção do mítico Studio Ghibli, do Japão, que retornará a esta lista em mais duas oportunidades. Quem assina O Conto da Princesa Kaguya é Isao Takahata, indicado ao Oscar de melhor animação em 2015 pela produção. A história adapta um conto japonês sobre uma bela jovem encontrada quando bebê dentro de um tronco de bambu. Ela é cobiçada por cinco nobres. Sem desejar nenhum deles, desafia os pretendentes a realizar tarefas impossíveis para conquistá-la. Média 89,67.
15. O Filho da Égua Branca (1981)
Filme do húngaro Marcell Jankovics, inspirado em lendas de seu país assim como a obra homônima do poeta László Arany. O Lincoln Center classifica a produção como "uma das grandes obras-primas psicodélicas da animação mundial", colocando-a como uma combinação de O Anel de Nibelungos e Yellow Submarine. Seguindo o mito que se baseia, na história uma deusa cavalo dá à luz três irmãos poderosos que partem para o submundo para salvar três princesas de três dragões do mal e recuperar o reino perdido de seus ancestrais. Média 89,67.
14. A Bela e a Fera (1991)
Bela é um moça muito esquisita, avisa a música de abertura de A Bela e a Fera, uma sonhadora criatura com mania de leitura. Esquisita ou não, Bela levou o público ao cinema, sendo o primeiro título do gênero a faturar mais de US$ 100 milhões nas bilheterias. Agradou aos críticos, também, tornando-se a primeira animação indicada ao Oscar de melhor filme (a produção conquistou as estatuetas de melhor canção, para Beauty and the Beast, e trilha sonora). Inspirada em um conto de fadas francês de Gabrielle-Suzanne Barbot, a história acompanha as desventuras de uma camponesa presa no castelo de uma fera que, eventualmente, ela descobre não ser tão ruim assim. Média 89,67.
13. Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Sucesso desde o lançamento, Branca de Neve e os Sete Anões foi a primeiríssima animação em longa-metragem a existir e ditou o início de um reinado da Disney dentro do gênero (mais tarde tomado pela Pixar). O longo e custoso trabalho para transformar os desenhos — então artesanais — em um filme de 83 minutos foi possível graças à visão de Walt Disney, diante de certa descrença geral. Até hoje um dos maiores clássicos do estúdio, a produção foi inspirada em um dos contos de fada dos irmãos Grimm. Branca de Neve, a bela protagonista perseguida por uma madrasta má, ainda iniciou a longa linhagem de princesas da Disney, que seguem populares até hoje. Média 89,67.
12. Fantasia (1940)
Falando em clássicos, é a vez de Fantasia (1940). Creditado a inúmeros diretores (Samuel Armstrong, James Algar, Bill Roberts, Paul Satterfield, Hamilton Luske, Jim Handley, Ford Beebe, T. Hee, Norm Ferguson, Wilfred Jackson), é um dos marcos da história da Disney. Terceira incursão do estúdio nos cinemas (após Branca de Neve e Pinóquio), foi a estreia de Mickey, como um aprendiz de feiticeiro. O sr. Mouse, no entanto, aparece em apenas um dos segmentos: são oito, ao total, cada um acompanhado de uma peça de música clássica, ilustrada pelas animações da Disney. Média 89,67.
11. Tower (2016)
Um exemplo de produção que explora os limites da animação, Tower é um documentário de Keith Maitland, que relata os acontecimentos durante um ataque a tiros na Universidade do Texas, em Austin (Estados Unidos), no final de 1966. Na ocasião, um franco-atirador subiu na torre do local e matou 16 pessoas com sua arma. São utilizadas animações rotoscópicas (desenhos feitos a partir de referências filmadas), combinadas com depoimentos e cenas de arquivos. Média 90,00.
10. Procurando Nemo (2003)
"Procurando Nemo adiciona outra joia lindamente trabalhada à coroa da Pixar", refletem os críticos no Rotten Tomatoes. Dentro do espectro emotivo dos longas do estúdio, no centro da animação de Andrew Stanton está uma complicada dinâmica entre pai e filho, os peixe-palhaço Marlin e Nemo. No fundo do Oceano, o pai — medroso — quer resguardar o filho de qualquer perigo, enquanto este sonha em desbravar novas águas. Um confronto leva Nemo para um aquário e seu pai a uma odisseia sem igual para resgatá-lo, ao lado de uma coadjuvante de respeito: Dory, a peixe com perda de memória recente. Média 90,00.
9. Ratatouille (2007)
Um rato na cozinha de um restaurante de ponta pode não parecer um bom agouro, mas eis que a Pixar conseguiu conquistar corações com seu pequeno chef de quatro patas. De Brad Bird e Jan Pinkava, a animação Ratatouille mergulha na atmosfera parisiense com a história de dois aspirantes à culinária francesa. Linguini, um atrapalhado ajudante na cozinha de um restaurante de prestígio; e Rémy, que apesar dos seus grandes dotes e temperos, calha de ser um camundongo. A receita para o sucesso dos dois é uma parceria secreta. Vencedor do Oscar de melhor animação em 2008. Média 90,67.
8. Divertida Mente (2015)
Até os sentimentos têm sentimentos nos filmes da Pixar. Longa-metragem de Pete Docter, mais um vencedor do Oscar de melhor animação (e indicado a melhor roteiro), Divertida Mente entra na mente de uma menina de 11 anos para representar de forma imaginativa seus sentimentos contraditórios ao saber que se mudará para uma nova cidade. Assim, a trama se desenrola dentro da cabeça dela, onde habitam Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho. Tal premissa é inspirada em teorias psicológicas reais. Média 91,00.
7. Toy Story 3 (2010)
Poucas franquias conseguem chegar com fôlego ao seu terceiro capítulo, mas Toy Story não apenas conseguiu, como levou o público às lágrimas. Quinze anos após Wood e Buzz Lightyear serem apresentados, no filme de 1995, chega a hora do dono deles, Andy, ir para a faculdade. Com isso, o garoto precisa abrir mão de algumas velharias, e aí incluem-se os seus brinquedos. É hora do adeus, mas mesmo a despedida é repleta de confusões entre os bonecos da Pixar. Vencedor do Oscar de melhor animação, o longa ainda foi indicado a melhor filme, roteiro adaptado e edição de som. Média 91,00.
6. It's Such a Beautiful Day (2012)
O animador Don Hertzfeldt une três curtas em It's Such a Beautiful Day, um trabalho experimental que recorre aos traços mais simples do desenho para contar a história de Bill, nada mais que um boneco palito nas telas. Homem comum, ele sofre uma doença que afeta sua memória e o faz ter visões absurdas durante o cotidiano. Assim, fantasia, drama e comédia se misturam na trama. "It's Such a Beautiful Day é uma obra de arte impossivelmente densa e comovente", destacam no Rotten Tomatoes. Média 91,00.
5. Pinóquio (1940)
Depois de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), a Disney seguiu com sua adaptação de histórias infantis para os cinemas com Pinóquio, que credita seis diretores: Ben Sharpsteen, Hamilton Luske, Sequence Directors, Bill Roberts, Norman Ferguson, Jack Kinney, Wilfred Jackson e T. Hee. Trata-se uma adaptação da obra do italiano Carlo Collodi, sobre um boneco de madeira, o Pinóquio, que sonha em ganhar vida própria. Uma fada azul garante que ele poderá ser um menino de verdade, se provar seu valor; ao mesmo tempo, cada vez que ele mente, aumenta o seu nariz. Assim como outros clássicos da Disney, Pinóquio se tornou um marco na cultura pop, com inúmeras versões ao longo dos anos. Média 91,00.
4. Wall·E (2008)
Uma das animações mais políticas da Pixar, Wall·E apresenta uma Terra distópica, depois do abandono dos humanos que deixam apenas um planeta imerso em lixo para trás. Isto e um pequeno robô, que vive solitário em sua missão de limpar o que ficou. Tudo muda, no entanto, quando os anos de solidão dele são interrompidos por uma tecnológica robô, Eva, que logo se torna o objeto de seu amor. A direção é de Andrew Stanton (que estreou no cargo com Procurando Nemo). Média 91,33.
3. Toy Story (1995)
A Pixar, inclusive, já chegou aos cinemas com um longa-metragem inesquecível para a crítica e o público: Toy Story. O filme de John Lasseter deu início à lucrativa franquia, que já apareceu mais acima, partindo de uma premissa simples: e se brinquedos tivessem sentimentos? Na trama, eles não apenas sentem, como podem tramar grandes planos e se meter em grandes aventuras, desde que longe dos olhares de humanos. Aqui que são apresentados ao público o inesquecível caubói Wood e seu futuro melhor amigo, o patrulheiro espacial Buzz Lightyear. Média 92,67.
2. Túmulo dos Vagalumes (1988)
Cofundador do Studio Ghibli, junto a Miyazaki, o diretor japonês Isao Takahata assina Túmulo dos Vagalumes. Um verdadeiro drama animado, com imagens de destruição e morte do começo ao fim, o filme conta a história da desintegração de uma família japonesa pela Segunda Guerra Mundial. Com o pai convocado e a mãe morta em um bombardeio americano, o menino Seita e sua irmã Setsuko se veem obrigados a lutar pela própria sobrevivência em um abrigo isolado na floresta. Média 93,00.
1. A Viagem de Chihiro (2001)
Considerado o Walt Disney do Japão, Hayao Miyazaki aparece no topo da lista com o filme que o rendeu um Oscar de melhor animação em 2003 — foi o primeiro longa-metragem em língua não-inglesa a vencer na categoria. Um clássico do Studio Ghibli (permanece até hoje como a maior bilheteria dos cinemas japoneses), a história acompanha uma caprichosa menina, de 10 anos, que acaba presa em um mundo mágico, dominado por deuses, bruxas e espíritos, onde aqueles que desobedecem as regras são transformados em animais — incluindo seus pais, metamorfoseados em porcos. Média 93,00 (empatado com Túmulo dos Vagalumes, porém com notas maiores no IMDb e Metacritic).