Há tempos apostando na nostalgia do público mais velho e no encantamento de histórias que fizeram sucesso no passado, a Disney viu seus planos de trazer de novo às telas Mulan arruinados por conta da pandemia. Previsto inicialmente para 26 de março, o longa já foi adiado diversas vezes. Com o coronavírus avançando e com restrições aos cinemas até em países que estão controlando a doença, é bem possível que a previsão de estreia para agosto também caia por terra.
Narrada em animação no ano de 1998, a história da guerreira volta agora em live-action, assim como outras produções do estúdio (Cinderela, A Bela e a Fera e Aladdin, para citar alguns). O projeto, que tem um orçamento de 200 milhões de dólares, é considerado o mais caro filme live-action dirigido por uma mulher, segundo o Indie Wire. Tal investimento explicaria a relutância da Disney em lançar Mulan antes de uma reabertura global dos cinemas, assim como a possibilidade de a obra só chegar às telonas no próximo ano (ou em 2022).
Como antecipado, a direção do filme é feminina: Niki Caro, de Encantadora de Baleias (2002) e Terra Fria (2005), assina o longa. O anúncio do nome dela gerou uma série de críticas à Disney, uma vez que era esperado que a companhia escolhesse uma cineasta asiática (Niki é natural da Nova Zelândia). Em entrevista ao Hollywood Reporter, ela replicou que a produção seguirá a "cultura da Disney":
— Embora seja uma história chinesa importante e esteja ambientada na cultura e na história chinesa, há outra cultura em jogo aqui, que é a cultura da Disney. E a diretora, quem quer que fosse, precisava ser capaz de lidar com ambas (as culturas), e aqui estou eu.
Apesar de tal declaração, a diretora contou com uma série de consultores da China, uma vez que a história não apenas é ambientada no país, como é inspirada na lenda chinesa A Balada de Mulan, que chegou à posterioridade como um poema narrativo, que remonta ao século 6. A nova versão deve seguir a mesma linha da animação, como indica a sinopse oficial no site da Disney.
"Quando o Imperador da China emite um decreto estabelecendo que um homem de cada família deve servir no exército imperial para defender o país dos invasores do Norte, Hua Mulan, a filha mais velha de um honrado guerreiro se apresenta no lugar de seu pai adoentado. Disfarçada de homem, como Hua Jun, ela é testada a cada etapa do caminho e deve controlar sua força interior e abraçar seu verdadeiro potencial."
Diversidade
Se por trás das câmeras existiram escolhas controversas, em frente a elas o filme aposta em um elenco asiático. Mulan será interpretada pela cantora, modelo e atriz Liu Yifei, 32 anos, que atua desde 2002. Tzi Ma, visto em A Chegada (2016), é o intérprete do pai da heroína, Hua Zhou. Já o Imperador da China ganhará vida com Jet Li, bastante popular em produções ocidentais.
O capitão Lee Shang da versão animada foi dividido em dois personagens, uma vez que "ter um comandante que também é o interesse romântico da protagonista era muito desconfortável e não achamos apropriado", como declarou o produtor Jason Reed ao Collider. Desta forma, Donnie Yen interpretará o comandante Tung, um mentor da jovem guerreira; e Yoson An dará vida a Chen Honghui, seu confidente e crush.
Esta não deve ser a única alteração. Assim como a maioria das animações da Disney, Mulan é lembrado com carinho graças à sua trilha sonora, com as músicas cantadas ao longo do filme pelos personagens, de acordo com sua situação. Niki Caro, no entanto, afirmou que não encontrou uma forma de casar o estilo musical com sua "visão realista da história". Assim, apesar de algumas músicas retornarem à trilha, ninguém deve esperar que Mulan simplesmente comece a cantá-la a plenos pulmões — como ocorre no filme animado.
No entanto, pelo menos uma canção original está confirmada: Christina Aguilera gravou uma nova versão do sucesso Reflection especialmente para a versão live-action. A cantora também lançou uma música para o filme intitulada Loyal Brave True, que na versão brasileira será cantada por Sandy, renomeada como Lealdade Coragem Verdade. Coincidentemente, as duas artistas trabalharam na trilha sonora de 1998, também.