O polêmico filme polonês 365 Dias, disponível pela Netflix, foi duramente criticado pela cantora Duffy, que o acusou de "glamorizar a realidade brutal do tráfico sexual, sequestro e estupro". Em carta aberta à plataforma de streaming, ela ainda criticou a decisão da empresa de comercializar o longa.
"Eu realmente não sei o que pensar, dizer ou fazer, a não ser explicar nesta carta o quão irresponsável está sendo a Netflix por transmitir 365 Dias (...) Essa não deve ser a ideia de entretenimento de ninguém, nem deve ser descrita ou comercializada dessa maneira", escreveu ela em documento obtido pela revista americana Entertainment Weekly.
Duffy revelou, em abril, que já foi vítima de estupro, tendo sido drogada e mantida em cativeiro por dias. Ela também recordou esse episódio na carta: "Eu não quero estar nessa posição de ter que escrever a você, mas em virtude do meu sofrimento me vi obriga a fazê-lo", afirmou, dizendo que o filme mostra essa violência.
"O que eu e outros que conhecemos essas injustiças precisamos é exatamente o oposto: uma narrativa da verdade, da esperança e da voz. Quando sabemos melhor, fazemos melhor", concluiu ela. A cantora ainda comentou que fez anos de terapia para conseguir superar o que aconteceu com ela.
Duffy, que ficou conhecida com o sucesso Mercy, nos anos 2000, apresentou ainda estatísticas sobre o tráfico de pessoas, que teria 25 milhões de vítimas em todo o mundo, sendo 80% delas mulheres e meninas. Ela ainda chamou à reflexão os telespectadores que gostaram do filme.
O longa polonês ficou entre os mais vistos no Brasil pela Netflix nas últimas semanas. Na história, o mafioso Massimo (Michele Morrone) sequestra a diretora de vendas Laura (Anna-Maria Sieklucka) para que ela se apaixone por ele em 365 dias. O filme, que já tem uma continuação confirmada, é baseado no livro de mesmo nome da escritora polonesa Blanka Lupinska, que conta com duas sequências.
Apesar de ter ficado entre os filmes mais assistidos na plataforma em diversos países, internautas apontam que a produção romantiza a Síndrome de Estocolmo, que corresponde a uma condição em que o refém forma um vínculo com seu captor.