O apresentador Pedro Bial escreveu crônica no jornal O Globo sobre as críticas que recebeu acerca das suas opiniões relativas ao filme Democracia em Vertigem, candidato brasileiro ao Oscar de melhor documentário. Em uma crônica chamada "Perdoa-me por me linchares", Bial afirma que sofreu um "linchamento virtual" por suas opiniões sobre o filme, veiculadas em entrevista ao programa "Timeline" da Rádio Gaúcha no dia 3 de fevereiro.
"Esta semana, experimentei, mais uma vez, o que é estar na parte linchada de um linchamento virtual. Eu, que vivo de acolher as opiniões das pessoas, caí na temeridade de dar a minha. Eu não peço desculpas nem peço que me peçam desculpas", declarou Bial.
Na entrevista, Bial afirmou que o filme é uma "ficção alucinada", "mais do que maniqueísmo, uma mentira" e faz uma leitura psicanalítica, afirmando que Petra "é uma menina querendo dizer para a mamãe dela que fez tudo direitinho".
Na crônica, Bial afirma que essa segunda parte foi mal interpretada e que é injusto chamá-lo de machista por essas críticas.
"Por exemplo, publica-se antes a frase editada 'é uma menina sob as ordens de mamãe', do que a integral 'numa leitura psicanalítica mais profunda, é uma menina sob as ordens de mamãe'. É do jogo, adiante. Apanho sem berrar, só não me venham com o machismo de tratar como menina indefesa uma mulher que sabe bem se defender", declarou.
Apesar de reiterar as críticas ao filme, Bial diz acreditar que a vitória de Democracia em Vertigem no Oscar seria "bom para o Brasil".
"O filme que há de brilhar na noite de hoje me parece sua obra menor (em relação a outros filmes de Petra), mas não importa, importante é o nosso cinema estar lá representado. A insegurança do governo e seu temor de que a imagem do Brasil possa ser arranhada por um filme são bobagens, tiros nas próprias patas. Além de mais uma amostra do retardo intelectual de nosso governante, como apontei no rádio, é um escândalo que se gaste o dinheiro público para atacar nossa artista de destaque internacional. Um filme brasileiro no Oscar é sempre bom para o Brasil. Se ganhar, melhor ainda. Viva o cinema brasileiro!", conclui Bial.
A torcida de Bial, entretanto, não foi suficiente: o filme "Indústria Americana", produzido pelo casal Barack e Michelle Obama, venceu o Oscar de melhor documentário, superando "Democracia em Vertigem".