Petra Costa, a diretora de Democracia em Vertigem, que concorre ao Oscar na categoria de melhor documentário longa-metragem, ironizou uma crítica feita pelo presidente Jair Bolsonaro a seu filme, no Twitter. A artista disse que "é como ser nomeada uma segunda vez, em menos de 24 horas".
Nesta terça-feira (14), Bolsonaro afirmou que o longa é uma ficção e só é considerado bom por aqueles que "gostam do que urubu come". O presidente, contudo, admitiu à Folha de S.Paulo nunca ter visto a obra e diz que não perderá tempo "com uma porcaria dessas".
O filme, produzido pela Netflix, aborda o contexto político anterior ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a vitória de Bolsonaro na disputa eleitoral de 2018.
Não é a primeira vez que Bolsonaro causa polêmica ao falar sobre premiação de obras artísticas. Quando Chico Buarque ganhou o Prêmio Camões, o principal troféu da língua portuguesa, no ano passado, o presidente disse que não assinaria o diploma.
O artista, assim como Petra Costa, ironizou o comentário e afirmou que a notícia era "um segundo Prêmio Camões". Buarque foi eleito por unanimidade do júri em questão.
Democracia em Vertigem, montagem que levou cerca de dois anos para ser feita, traz também uma perspectiva pessoal e intimista da diretora, que já dirigiu outros três longas, entre eles Elena, uma carta para sua irmã que cometeu suicídio.
— Foi uma surpresa maravilhosa para o cinema nacional, latino-americano, e para as mulheres — disse Petra Costa ao ter seu filme indicado ao Oscar.