Uma perseguição frenética envolvendo um carro, um caminhão e muitos tiros numa grande avenida de Passo Fundo. A cena, que poderia ilustrar noticiário policial, é uma das sequências de Maverick: Caçada no Brasil, filme de ação dirigido e estrelado pelo gaúcho Emiliano Ruschel que chegou aos catálogos das plataformas Now e TelecinePlay.
No longa que passou pelos cinemas em 2016, Ruschel, 33 anos, vive o detetive americano Jack Maverick, que viaja de Los Angeles a Passo Fundo para investigar uma série de suicídios. A autópsia revela que todas as vítimas têm drogas no organismo, o que alimenta a suspeita de mortes premeditadas. Maverick persegue pistas e cruza o caminho com uma jornalista de Washington, Olívia (Larissa Vereza), que também quer descobrir a verdade.
Emiliano conta que Maverick, produzido com recursos captados junto a investidores nos EUA e no Brasil, foi fruto de uma caminhada gradual de sua carreira. Desde que fez seu primeiro comercial, aos cinco anos de idade, nunca mais parou. Nascido em Lagoa Vermelha e criado em Passo Fundo, fez campanhas publicitárias e cursos de atuação antes de ser descoberto por um olheiro da Globo e levado ao Rio de Janeiro. Passou no teste para estrelar sua primeira novela, Kubanacan (2003/2004) – uma breve participação, como Enzo. Depois, vieram atuações em Cobras e Lagartos, Tempos Modernos e Cheias de Charme.
— A Globo é como se fosse uma fábrica de sonhos. Os cenários, os colegas, os atores experientes, você aprende contracenando com eles. Esse processo foi importante para mim. É tudo muito intenso, e fazer teatro, novelas e séries foi fundamental para chegar nesse momento da minha carreira — explica Ruschel, que hoje vive alternando-se entre Los Angeles e Rio de Janeiro.
Uma das maiores preocupações do gaúcho é levar os cenários de sua terra para o mundo. Por isso, fez questão de realizar Maverick em inglês. Os efeitos da empreitada foram positivos: o filme conquistou prêmios no Los Angeles Brazilian Film Festival e no Festival Internacional Colaborativo Audiovisual, e está sendo distribuído com legendas em espanhol, alemão, francês e italiano.
— As cenas do filme poderiam ser rodadas em qualquer cidade da Europa. Em uma das partes, na Pedreira São José, se assiste a algo tão lindo quanto o que se vê na Inglaterra e na Irlanda. Queria, nos meus filmes, fazer algo diferente do estereótipo do Brasil no Rio de Janeiro — explica Ruschel.
O diretor trabalha agora em três projetos, um deles a continuação de Maverick. Também está produzindo um filme sobre Luiz Carlos Dale Nogari dos Santos, um dos maiores leiloeiros do Brasil, e o drama #FollowMe, sobre o uso indevido das redes sociais.
Após essa caminhada de mais de 25 anos entre teatro e cinema, o diretor e produtor segue com a proposta de falar sobre assuntos que estão atrelados a sua história.
— Mais do que uma carreira, vejo meu trabalho como uma missão para passar uma mensagem. Em Maverick, falei sobre a luta contra as drogas. Em O Leiloeiro de Sonhos, (sobre Nogari dos Santos), falo de empreendedorismo. A arte tem que ter conteúdo, sempre —finaliza Ruschel.