O governo federal anunciou nesta quinta-feira (24) a composição do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), responsável por liberar recursos para a área. Publicada no Diário Oficial da União, a escolha já havia guiado a primeira reunião do Conselho Superior do Cinema deste governo, realizada há uma semana na Casa Civil.
São eles: Hiran Silveira, executivo da TV Record e membro do Conselho Superior do Cinema; o roteirista Paulo Rogério Cursino, de produções como De Pernas pro Ar e Até que a Sorte nos Separe; e Cícero Aragon, presidente da programadora BoxBrasil.
Profissionais da área se preocupam com a ausência de produtores cinematográficos entre os titulares e com o vínculo de dois deles com a televisão. Na formação anterior do órgão, todos os membros nominais atuavam na função.
Além disso, os únicos produtores cinematográficos do grupo são suplentes. Como apenas titulares foram convocados para a reunião do Conselho Superior do Cinema, caso a dinâmica se repita nos encontros do Comitê Gestor, há o risco de não haver representantes das etapas de produção ou de distribuição nas discussões sobre o principal mecanismo de fomento direto à indústria audiovisual do país.
— Acho um absurdo que um comitê gestor tenha um representante da Record e nenhum do cinema independente — afirma Vera Zaverucha, diretora da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, de 2011 a 2015.
— A partir do momento que o ministro diz que vai acabar com o cinema de arte, entendemos essa composição — acrescenta, referindo-se a uma declaração de Osmar Terra de agosto em que criticou a produção autoral brasileira por não atrair um público massivo.
A posição de Zaverucha ecoa a de outros profissionais, que ainda se dizem temerosos com a nomeação de Tutuca, o apresentador e colunista social Edilásio Barra, para o cargo de superintendente de desenvolvimento econômico da Ancine, no qual será responsável pela gestão do FSA, além da previsão de um corte de 43% do orçamento do fundo no ano que vem.
A produtora Mariza Leão, integrante do Comitê Gestor anterior, diz sentir falta de produtores na nova composição, mas prefere comemorar a nomeação do Conselho Superior e do comitê.
— Sem eles, estávamos no limbo — afirma. — Agora é torcer e trabalhar por uma política de investimentos que respeite cada setor do audiovisual.