Mesmo com a segunda maior bilheteria do ano nos cinemas (atrás apenas do sucesso astronômico de Vingadores: Ultimato), faturando US$ 1,120 bilhão ao redor do mundo, Capitã Marvel segue sendo questionada por uma pequena parte dos fãs do estúdio. Na última empreitada contra a estrela do longa, a vencedora do Oscar Brie Larson, uma campanha pela substituição da atriz foi iniciada em 30 de abril e conta com cerca de 10 mil apoiadores.
De acordo com o texto da petição, criada pelo usuário Spike Valentine, "é preciso que Brie Larson deixe o papel para provar que ela é uma aliada da justiça social e garanta que uma mulher não branca (no original, woman of color) e gay interprete a personagem. Coloque Monica, a Capitã Marvel original e negra, ao invés de personagens embranquecidos para o benefício dos homens brancos e héteros que comandam a Disney".
Na verdade, embora Monica Rambeau tenha sido a primeira personagem nos quadrinhos a reivindicar o nome de Capitã Marvel, Carol Danvers (interpretada por Larson no filme) corresponde a Ms. Marvel, que é branca e já existia anos antes da nova super-heroína ser adicionada ao universo da companhia.
Ela foi criada por Roy Thomas e Gene Colan em 1968, como aliada e eventual interesse amoroso do super-herói Capitão Marvel, mas só foi transformada em super-heroína em 1977, quando assumiu a identidade de Ms. Marvel. A personagem Monica Rambeau surgiria apenas em 1982, em uma história publicada na revista anual do Homem Aranha, escrita por Roger Stern e desenhada por John Romita Jr. Tanto sua origem quanto seus poderes não tinham relação alguma tanto com o Capitão Marvel original quanto com a anterior Carol Danvers.
A Carol Danvers dos quadrinhos mudou bastante ao longo das décadas, tendo seus poderes alterados e assumindo diversos codinomes. Em suas primeiras aventuras, ela não tinha sequer controle sobre sua transformação de Carol Danver para Capitã Marvel, e sofria uma crise de personalidade: cada uma das suas identidades parecia desconhecer a outra. A Capitã deste período podia voar, tinha superforça, era capaz de disparar poderosas rajadas de energia e manifestava um "sétimo sentido" premonitório que a avisava de situações de perigo.
Depois disso, a Capitã perdeu seus poderes por um tempo e, ao recuperá-los, passou por várias identidades: Binária, Ms. Marvel outra vez e Warbird. Ela só assumiu de fato o nome de Capitã Marvel após uma série de histórias escritas pela autora Kelly Sue DeConnick em 2012— que a mostrava assumindo, após anos de relutância, o manto do Capitão Marvel original, que havia morrido muitos anos antes. Nesse meio tempo, Monica Rambeau já havia, ela própria, mudado duas vezes de identidade, tendo assumido os codinomes Fóton e Espectro.
No passado, Larson já foi acusada de ser antipática, por não sorrir no filme, e, antes mesmo da estreia, um grupo tentou criar um boicote ao longa, que foi o primeiro filme da Marvel, após 20 produções sobre super-heróis, a trazer uma mulher como protagonista.