Com 12 longas-metragens inéditos em Porto Alegre na programação, a mostra Cinema da América Latina tem início nesta quinta-feira (14), na Cinemateca Capitólio, às 20h, com a exibição do filme mexicano Compra-me Um Revólver. Até 24 de março, será apresentado um panorama com a produção contemporânea de países como Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Bolívia, Peru, Chile, México e República Dominicana.
Entre os filmes selecionados, um dos mais aguardados e curiosos é o longa (e bota longa nisso) La Flor, do argentino Mariano Llinás, com 14 horas de duração – a exibição será dividida em três partes. Para o crítico de cinema e programador do Capitólio, Leonardo Bomfim, trata-se de uma produção singular, que não é lenta em sua narrativa:
– Já dá para dizer que é um marco na história do cinema. La Flor é um filme com muitas histórias, com muitas informações novas. Tem 14 horas, mas você fica vidrado. Acaba uma história e você já quer ver outra. Realmente, é único.
A mostra faz parte uma programação especial no Capitólio, com um total de 26 atividades e patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Rouanet e cooperação cultural da Fundacine – Fundação Cinema RS e Secretaria Municipal da Cultura. Até novembro, serão realizadas oito mostras de cinema, quatro edições do projeto Noites na Cinemateca, duas masterclasses, 10 sessões de cinema acessível e duas exposições relacionadas ao acervo da Capitólio.
– Esta é uma versão ampliada da mostra Cinema da América do Sul, que fez parte de outro projeto da Petrobras. Desta vez, ampliamos os territórios e continentes para trazer mais filmes. Para além da América do Sul, compartilhamos algumas questões que surgem naturalmente nos filmes e percebemos um diálogo forte entre os longas – explica Bomfim.
Conforme o curador, a temática da violência é recorrente na programação da mostra:
– Essa violência que está aqui no nosso entorno, no Brasil, na Argentina, na Bolívia, na Colômbia, no México, isso tem a ver com o passado recente, com as ditaduras, com toda essa série de violência do Estado que esses países compartilharam. Isso ainda está aqui, segue matando as pessoas, segue no nosso cotidiano.
A Cinemateca Capitólio fica na Rua Demétrio Ribeiro, 1.085, esquina com Borges de Medeiros. Ingressos a R$ 10, à venda na bilheteria 30 minutos antes de cada sessão.
Cinco destaques da programação
Compra-me Um Revolver
Dirigido por Julio Hernández Cordón, o filme mexicano gira em torno de garota que usa uma máscara do Hulk para ajudar o pai a cuidar de um campo de beisebol abandonado, usado para jogos entre traficantes.
Comentário do curador: “Dá para dizer que é o segundo filme em termos de renome do México lançado no último ano (o primeiro seria Roma). Estreou no Festival de Cannes, foi bem recebido e está fazendo sua carreira internacional neste momento. Embora não identifique um tempo e espaço, é um filme muito contemporâneo sobre a violência”.
Quando: quinta-feira (14), às 20h.
Los Silenciosos
A brasileira Beatriz Seigner apresenta a história de Amparo, mãe de dois filhos pequenos que foge dos conflitos armados da Colômbia. Na tríplice fronteira do país com Peru e Brasil, ela e os meninos se abrigam em uma pequena ilha no rio Amazonas, onde encontram o pai, que supostamente estava morto.
Comentário do curador: “Los Silenciosos tem toda uma fabulação, uma fantasmagoria. É muito sutil e bonito, mas duro ao mesmo tempo”.
Quando: sexta-feira (15), às 20h
Filhas do Fogo
Drama argentino dirigido por Albertina Carri, o filme gira em torno de três mulheres que começam a se relacionar de maneira poliamorosa. Ao perceberem que estão livres do que acreditam ser regras sociais possessivas, decidem formar um grupo cujo propósito é libertar outras mulheres que passem pelos mesmos problemas.
Comentário do curador: “É um filme muito provocativo, pois reúne uma série de lésbicas que querem pensar a possibilidade de uma pornografia feminista. É um tema controverso, o filme é muito consciente disso e traz o debate”.
Quando: domingo (17), às 18h, seguido de debate com Albertina Carri.
La Flor
Produzido ao longo de 10 anos, La Flor é um filme argentino com 14 horas de duração que passeia por diferentes gêneros. Para Leonardo Bomfim, programador da Cinemateca Capitólio o melhor adjetivo para o longa seria “inacreditável”.
Comentário do curador: “O diretor Mariano Llinás cria esse filme com quatro atrizes. A princípio, são seis histórias, mas cada uma tem milhares de digressões e novos personagens. Essas atrizes fazem as protagonistas em todas as histórias, que são completamente diferentes: uma é um terror B, outro é um musical melodramático. Cada filme vai para um lado completamente diferente”.
Quando: 23 de março, às 14h (parte 1) e às 19h (parte 2); e domingo, às 16h (parte 3).
Cocote
Produção da República Dominicana dirigida por Nelson Carlos De Los Santos Aria. Conta a história de Christian Alberto, evangélico que trabalha como jardineiro em uma propriedade rica em Santo Domingo. Quando seu pai é assassinado, ele volta ao interior do país, onde passou sua infância, para acompanhar o funeral.
Comentário do curador: “Ao mesmo tempo em que é um filme muito político, fala em tradição, modernidade, cultura ancestral, também é um filme familiar.
Quando: 22 de março, às 20h30min