Estrelado por Liam Neeson, o filme Vingança a Sangue-Frio, que seria lançado no Brasil nesta quinta-feira (14), teve sua estreia adiada no País para o dia 14 de março.
A distribuidora Paris Filmes citou conflitos com outros lançamentos e também a repercussão de uma entrevista do ator irlandês como motivos para a postergação. Ao jornal The Independent, Neeson disse ter sido dominado pela vontade de matar um homem negro para se vingar de uma amiga vítima de estupro.
A entrevista ao jornal tinha o objetivo de promover Vingança a Sangue-Frio, no qual o ator de 66 anos encarna um pai que decide se vingar da morte de seu filho nas mãos de um cartel de drogas. Neeson discutiu os detalhes psicológicos do filme e a fúria inerente à perda de uma pessoa próxima, mas subitamente mudou seu tom de voz para recordar sua própria experiência.
"Vou contar uma história real", ele disse, lembrando de uma ocasião na qual descobriu que uma pessoa próxima — que ele não identificou — havia sido vítima de estupro. "Eu perguntei se ela sabia quem fez isso. 'E de que cor era o responsável?' Ela disse que tinha sido uma pessoa negra."
"Tenho vergonha de dizer. Andava pelas ruas com uma barra de ferro, esperando alguém se aproximar. Eu fiz isso mais ou menos por uma semana, na esperança de que um 'bastardo negro' saísse de um pub para que eu confrontasse algo", lembrou. "Como é possível que eu pudesse...(querer) matar?", perguntou. "É horrível, é realmente horrível, toda vez que penso que eu poderia ter feito isso."
Depois da polêmica, o ator disse que não é racista e ressaltou a necessidade de um debate mais amplo na sociedade sobre a condição de raça. Colegas do irlandês, entre eles a atriz Michelle Rodriguez e Hans Petter Moland, diretor de Vingança a Sangue Frio, defenderam Neeson.