Com seis Kikitos conquistados, Como Nossos Pais foi o grande vencedor da noite de premiação do 45º Festival de Cinema de Gramado na mostra competitiva de longas brasileiros. Na cerimônia realizada no Palácio dos Festivais, neste sábado (26), o filme venceu nas categorias Melhor Montagem (Rodrigo Menecucci), Melhor Atriz Coadjuvante (Clarisse Abujamra), Melhor Ator (Paulo Vilhena), Melhor Atriz (Maria Ribeiro), Melhor Direção (Laís Bodanzky) e Melhor Longa Brasileiro.
Ao receber seu Kikito, a atriz Maria Ribeiro puxou a orelha de seu ex-marido, Paulo Betti.
– Pô, Paulo, presta atenção! Eu estou falando, e você está mexendo no celular! Caraca, sem noção – brincou.
Em seu discurso, Maria sublinhou a importância de sua personagem e do filme para sua carreira:
– É o papel da minha vida. Que bom que a gente pode falar desse cinema humanista, não é feminista, de pessoas que se amam e não desistem uma das outras.
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Paulo Vilhena tentou falar sobre empoderamento após receber seu Kikito.
– Nosso filme fala sobre qual é a representatividade do homem hoje nesta sociedade. Nosso filme fala sobre o empoderamento, se é que essa palavra serve para as meninas. Tem algumas que falam: "Que m****, p*** babaquice empoderamento, como se a gente precisasse desse adjetivo". Mas é um filme de meninas – divagou.
Por fim, Vilhena criticou o governo federal:
– A gente está vivendo uma era tão difícil. Está todo mundo sentindo na pele o que é viver neste país do jeito que ele está existindo. Fazemos cinema e arte para tentar melhorar isso. O cara que está lá representando a gente querer nos prejudicar, vá lá, entendemos. Somos adultos e crescidos. Agora ele querer prejudicar nossos filhos e netos, acho que vale nosso pensamento de atitude. Fora Temer e viva a Amazônia.
Já a diretora Laís Bodanzky aproveitou seu discurso para chamar atenção que há poucas mulheres dirigindo filmes no país.
– Nós somos poucas na direção e no roteiro, que é justamente o espaço do discurso, onde a gente coloca o nosso ponto de vista e defende uma ideia. Essa consciência que nós temos poucas (diretoras) é muito recente na minha vida. Acho que é porque faço parte de um grupo de mulheres do audiovisual que resolveu parar pensar aonde acontece esse filtro. Será que as mulheres não querem dirigir e não querem roteirizar? Só 15% da indústria do audiovisual do roteiro e da direção são formados por mulheres. Por quê? Aonde isso acontece exatamente? Essa reflexão é muito importante para entender que não que nós não queremos contar histórias, mas que tem alguma coisa que faz com que a gente não chegue nesse lugar do discurso – declarou Laís, após receber o Kikito de Melhor Direção.
Laís também destacou a falta de representatividade da mulher negra como roteirista e diretora.
– Elas não estão no espaço do discurso. Acho que essa é a nossa nova fronteira, que a gente vai descobrir e se alimentar de histórias incríveis que elas vão contar, pois elas já estão no curta-metragem e logo vêm aí – ressaltou a cineasta.
Ao ganhar o Kikito de melhor filme, Laís resolveu falar sobre a indústria do audiovisual brasileiro.
– O cinema brasileiro está vivendo um momento maravilhoso. É a nossa indústria dos sonhos. É um sonho do nosso país, de muitas possibilidades. Eu tenho orgulho de fazer parte dessa indústria, que é concreta e gera economia. Fiquei sabendo a pouco tempo que nossa indústria do audiovisual é maior que a indústria farmacêutica e têxtil, pois ela emprega e gera economia. O Brasil precisa saber que a indústria do audiovisual é significativa para o nosso PIB. Então, ela não pode parar, precisa continuar para o nosso país continuar sonhando – afirmou a cineasta.
Outra produção que se destacou na premiação foi As Duas Irenes, que faturou quatro Kikitos: Melhor Roteiro (Fabio Meira), Melhor Ator Coadjuvante (Marco Ricca), Melhor Direção de Arte (Fernanda Carlucci) e o Prêmio Júri da Crítica para melhor longa brasileiro.
Além da entrega de prêmios, a cerimônia contou com três apresentações de Soledad Villamil ao longo da noite. A cantora e atriz argentina foi homenageada na última quinta-feira (24) no evento, recebendo o Kikito de Cristal. Em sua última performance na premiação, Soledad insistiu para o público cantar um trecho de Santa Rita, mas teve um acompanhamento discreto.
Na noite, também foram premiados curtas brasileiros e longas estrangeiros. Confira a lista de vencedores:
Melhor longa brasileiro
Como Nossos Pais
Melhor longa estrangeiro
Sinfonía para Ana, de Virna Molina e Ernesto Ardito
Melhor direção
Laís Bodanzky, por Como Nossos Pais
Melhor ator
Paulo Vilhena, por Como Nossos Pais
Melhor atriz
Maria Ribeiro, por Como Nossos Pais
Melhor roteiro
Fabio Meira, por As Duas Irenes
Melhor atriz coadjuvante
Clarisse Abujamra, por Como Nossos Pais
Melhor ator coadjuvante
Marco Ricca, por As Duas Irenes
Melhor trilha musical em longa brasileiro
Ed Côrtes, por O Matador
Melhor fotografia
Fabrício Tadeu, por O Matador
Melhor direção de arte
Fernanda Carlucci, por As Duas Irenes
Melhor montagem
Rodrigo Menecucci, por Como Nossos Pais
Melhor curta-metragem brasileiro
A Gis
Prêmio de júri popular para longa brasileiro
Carlos Gerbase, por Bio
Prêmio especial do júri
Paulo Betti, Eliane Giardini e Carlos Gerbase
Melhor desenho de som em curta-metragem
Fernando Henna e Daniel Turini, por Caminho dos Gigantes
Melhor trilha musical em curta
Dênio de Paula, por O Violeiro Fantasma
Melhor direção de arte em curta
Wesley Rodrigues, por O Violeiro Fantasma
Melhor montagem em curta
Beatriz Pomar, por A Gis
Melhor fotografia em curta
Pedro Rocha, por Telentrega
Melhor roteiro em curta
Carolina Markowicz, por Postergados
Melhor atriz em curta
Sofia Brandão, por O Espírito do Bosque
Melhor ator em curta
Nando Cunha, por Telentrega
Melhor filme de curta pelo júri popular
A Gis, de Thiago Carvalhes
Melhor direção em curta
Calí dos Anjos, por Tailor
Prêmio Canal Brasil de Curtas
O Quebra-Cabeça de Sara, de Allan Ribeiro
Prêmio 150 anos Canadá para jovens cineastas
Cali dos Anjos, por Tailor
Melhor fotografia em longa estrangeiro
Fernando Molina, por Sinfonía Para Ana
Melhor atriz de longa estrangeiro
Katerina D'Onofrio, por La Última Tarde
Melhor roteiro em longa estrangeiro
Joel Calero, por La Última Tarde
Prêmio especial do júri para longa estrangeiro
Los Niños, de Maite Alberdi
Melhor ator de longa estrangeiro
Juan Grandinetti e Agustín Pardella, por Pinamar
Prêmio Ipiranga de júri popular de longa estrangeiro
Mirando Al Cielo
Melhor direção em longa estrangeiro
Frederico Godfrid, por Pinamar
Prêmio júri da crítica para melhor curta
O Quebra-Cabeça de Sara
Prêmio júri da crítica para melhor longa estrangeiro
Pinamar
Prêmio júri da crítica para melhor longa brasileiro
As Duas Irenes
Melhor desenho de som de longa brasileiro
Augusto Stern e Fernando Efron, por Bio