Muito aclamada pelo público ao redor da Rua Coberta, a atriz Eliane Giardini passou pelo tapete vermelho na última terça-feira (22) para o lançamento de A Fera na Selva, no Palácio dos Festivais, pelo 45º Festival de Cinema de Gramado. A artista estrela e dirige o longa em parceria com Paulo Betti – os dois foram casados durante 25 anos. Lauro Escordel participa como codiretor ao lado do ex-casal.
Baseado na obra do escritor americano Henry James, o filme conta a história de um homem à espera de que algo extraordinário venha a acontecer em sua vida, negligenciando os afetos ao seu redor.
Com 64 anos, Eliane coleciona personagens marcantes no teatro, cinema e televisão. Em 1997, ela ganhou um Kikito de melhor atriz por O Amor Está no Ar. Na TV, pode ser lembrada por papéis como Dona Patroa, (Renascer, 1993), Nazira (O Clone, 2001) e Muricy (Avenida Brasil, 2012). Em 2016, a atriz se destacou ao viver Anastácia na novela Êta Mundo Bom, folhetim da Globo na faixa das seis. Neste ano, ela foi a forte Zana na minissérie Dois Irmãos.
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No tapete vermelho em direção ao Palácio dos Festivais, Eliane falou com ZH. Leia a entrevista abaixo:
De que maneira A Fera na Selva te impacta e é importante na sua vida?
Quando li a novela do Henry James, para mim, foi um choque de realidade porque me identifiquei muito com o personagem, pois ele vive esperando um grande acontecimento, na expectativa de um momento muito importante que vai o distinguir dos demais. Vive a vida inteira a espera desse acontecimento, e não percebe o que está em sua volta. Ele só vai perceber isso no fim da vida. Confesso que quando terminei de ler o livro, aquilo me deu um choque tão forte que falei: quero contar essa história, pois me fez um bem enorme. Porque é muito difícil você permanecer no agora. Quando li isso há 25 anos me tocou profundamente.
Como foi filmar em Sorocaba (SP), sua terra natal?
Quando a gente resolveu fazer este filme, além de ser uma viagem no tempo para gente, pois já tínhamos feito a peça, resolvemos filmar em Sorocaba, que é a cidade de onde nós viemos. Então a viagem ficou muito mais interessante. Uma viagem dentro de uma viagem, um tempo dentro de um tempo, que foi muito importante para nós dois.
Em sua trajetória, você coleciona personagens fortes. Qual a importância das produções abordarem questões sobre a liberdade e a força feminina?
O mundo mudou, graças a Deus. Acho que é um belo momento para ser mulher. Sem querer ser agressiva, mas acho importante os homens tomarem conhecimento desse movimento e darem um lugar de fala para as mulheres para que elas possam dar as suas contribuições em todos os níveis. Acho que é um momento muito importante agora, não só para as mulheres, mas para negros e trans. Sempre achamos que o Brasil era um país cordial, mas na verdade é muito violento: o número de feminicídios, de trans que são assassinados, é muito grave. É muito importante que se fale sobre isso, que as pessoas se conscientizem. Que as novelas falem, que os filmes falem, que as peças falem.