Um dos textos mais célebres do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828 – 1906), O Pato Selvagem ganha uma versão modernizada em A Filha (2015), promissora estreia atrás das câmeras do ator e diretor de teatro Simon Stone, australiano nascido na Suíça.
O filme em cartaz a partir desta quinta-feira, dia 5, adapta para a tela uma montagem da peça dirigida pelo próprio Simon, porém com um elenco diverso. No cinema, o elenco do drama é encabeçado pelo ótimo Geoffrey Rush, vencedor do Oscar de melhor ator por Shine – Brilhante (1996), que vive Henry, impassível dono de uma madeireira em estado falimentar prestes a se casar com sua governanta, mulher bem mais jovem do que ele.
A festa motiva o retorno de Christian (Paul Schneider), filho de Henry que volta à cidade anos depois de sair de casa após o suicídio da mãe. Além do pai, com quem mantém uma relação distante e carregada de ressentimento, Christian reencontra Oliver (Ewen Leslie), seu melhor amigo de juventude, que trabalha na empresa de Henry.
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Casado com Charlotte (Miranda Otto, a poeta Elizabeth Bishop de Flores Raras, filme dirigido por Bruno Barreto), mãe de Hedvig (Odessa Young), Oliver leva uma vida simples e feliz em família – que inclui ainda o pai, Walter (Sam Neill, de O Piano). Porém, além de reavivar a antiga camaradagem, o reencontro dos amigos acabará desenterrando um segredo que afeta todos os personagens e pode ter consequências trágicas em seus destinos.
Exibido em festivais como os de Veneza e Toronto, A Filha é um filme de memórias sem flashbacks, na definição de seu realizador. O diretor e roteirista consegue evitar os traquejos teatrais e construir uma tensão narrativa essencialmente cinematográfica, sem resvalar no tom melodramático que a história ibseniana poderia propiciar.
Em A Filha, Hedvig – única figura a manter o mesmo nome da peça –, uma jovem cheia de alegria e de inseguranças típicas do autodescobrimento, é a grande vítima nessa disputa entre a verdade absoluta e a mentira necessária travada pelos adultos.