Desde os sete anos de idade, pintar faz parte da rotina de Gelson Radaelli como dormir ou comer. Todos os dias, divide-se entre dois ateliês, o de pintura e o restaurante Atelier de Massas, do qual é dono. O ritmo de produção do artista gaúcho é tão intenso que sua nova exposição, Neon, ocupa três galerias do Museu de Arte do RS (Margs) apenas com obras realizadas no primeiro semestre deste ano. Na mostra que será inaugurada nesta terça-feira nas salas Ângelo Guido, Pedro Weingartner e João Fahrion, Radaelli apresenta sua nova fase, caracterizada por pinceladas largas em preto e branco que fazem surgir vários tons de cinza sobre fundo rosa.
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A curadora Icleia Borsa Cattani selecionou 22 pinturas em acrílico sobre tela em grandes e médios formatos e também álbuns de desenhos nunca mostrados. Icleia aponta que, em seus novos trabalhos, Radaelli abandona a figuração tão constante em sua produção sem, no entanto, romper com seu estilo:
– É uma pintura forte, coerente, que resgata elementos das séries anteriores do artista: a gestualidade da pincelada, a densidade da matéria e o grande domínio, tanto do uso das cores intensas, quanto do preto e branco e as infinitas tonalidades de cinza que deles decorrem – analisa a curadora. – O artista atingiu um grande equilíbrio entre os signos, que às vezes lembram uma caligrafia oriental, e o fundo plano, monocromático – acrescenta.
Radaelli concorda que a nova série resume muitos de seus pensamentos e acredita que, após 50 anos pintando e 35 expondo, atingiu a maturidade.
– Depois de ter produzido boa parte dos trabalhos é que me dei conta de que eles possuem uma síntese de tudo que já fiz. Estão ali elementos abreviados que remetem a cada fase da minha trajetória – comenta o artista.
As atuais pesquisas lembram, principalmente, uma série de desenhos em preto e branco sobre folhas de revista feita em 1988, que acabou por originar a fase "negra" do artista e perdurou por 20 anos. Já o rosa que toma conta das novas pinturas despontou em paisagens recentes. Mas agora até o título dos trabalhos é abstrato, composto por sílabas aleatórias pescadas de textos que Gelson andava lendo.
– Os trabalhos são construídos com a intenção de impedir uma leitura óbvia ou comum e para que cada observador veja uma história sua a partir daquilo que decifra na tela. Não proponho temas, ideologias ou caminhos a seguir. Tudo vai acontecendo quase que intuitivamente. Depois do trabalho realizado e decantado, reconheço as coisas que me posicionam no mundo, na arte e na vida.
Neon
Gelson Radaelli
Abertura nesta terça-feira (25/7).
Visitação de 26 de julho até 10 de setembro, de terças a domingos, das 10h às 19h. Entrada franca.
Galerias Ângelo Guido, Pedro Weingartner e João Fahrion do Margs (Praça da Alfândega, s./n., no centro de Porto Alegre).
A exposição: obras recentes de Gelson Radaelli.