Em 20 de setembro de 1924, por ocasião das comemorações dos cem anos da chegada dos primeiros colonos alemães ao Rio Grande do Sul, teve início a exposição comemorativa ao centenário da imigração alemã em Novo Hamburgo. Mais do que expor as qualidades e potencialidades coloniais do segundo distrito de São Leopoldo, a exposição de 1924 foi a pedra fundamental para o movimento emancipacionista, mostrando a pujança e a diversidade econômica hamburguenses.
O presidente do Estado do Rio Grande do Sul (como se chamava o governador do Estado à época), Antonio Augusto Borges de Medeiros, veio pessoalmente conferir a exibição da economia de Novo Hamburgo, trazendo consigo, além da primeira-dama, Carlinda Borges de Medeiros, uma grande comitiva de autoridades do governo estadual.
Marcou presença na abertura da feira o arcebispo de Porto Alegre, dom João Becker, além de dezenas de intendentes municipais (prefeitos) de toda a região. A Praça 20 de Setembro foi o local escolhido para a montagem do pavilhão da exposição, que trazia consigo a crème de la crème da indústria local. A comissão organizadora do evento era formada, entre outros, por Carlos Dienstbach, subintendente do distrito e autor de um diário que relata os pormenores de todo o processo de montagem da exposição; Leopoldo Petry, futuro prefeito e chefe da coletoria de impostos local; Jacob Kroeff Netto, deputado estadual e industrialista, principal liderança política do futuro município junto ao governo estadual; e Pedro Adams Filho, industrialista pioneiro na fabricação de calçados em Novo Hamburgo.
Chamada inicialmente de Praça Conde D’Eu (marido da Princesa Isabel e comandante militar na Guerra do Paraguai), a Praça 20 de Setembro teve sua área demarcada pelo engenheiro Ernesto Muzzel, em 1884, a pedido da administração de São Leopoldo, numa área que fazia parte de um potreiro pertencente a João Pedro Schmitt.
A situação do terreno só foi regularizada na década de 1940, já com a denominação atual, quando o poder público municipal ganhou judicialmente a posse da área. Mesmo sendo um terreno particular, a praça sediou a histórica exposição, que ocupou a totalidade da sua área, constituída, naquele tempo, de um terreno baldio sem nenhuma intervenção urbanística.
Finalizando os festejos, no dia 5 de outubro de 1924, aconteceu a Batalha das Flores: dezenas de automóveis enfeitados com arranjos florais fizeram um desfile pelo centro da vila, culminando com a concentração no local da exposição. Muito além de uma demonstração de força econômica, a exposição de 1924 fez parte da estratégia de um grupo que buscava maior autonomia para a gestão de sua comunidade e de seus negócios, com o objetivo de conseguir a separação de Novo Hamburgo de São Leopoldo e a sua consequente emancipação.
Três anos depois, contrariando o Legislativo leopoldense, Borges de Medeiros expediria o decreto 3.818, de 5 de abril de 1927, que dava a Novo Hamburgo a condição de município, constituído inteiramente dentro do território de São Leopoldo, o que só mudaria em 1940, com a anexação de Lomba Grande pelo novo município.
Colaboração de Paulo Daniel Spolier, historiador do Arquivo Público Municipal de Novo Hamburgo