Em maio de 1875, vieram de Amsterdã, Holanda, Geraldo Nicolau Snel e Maria Christina Elisabetha Snel – ele, farmacêutico formado na universidade, ela, professora – e se instalaram em Teutônia, então distrito de Taquari. Ali, Geraldo exerceu a profissão de farmacêutico entremeada com lidas médicas, pois não havia profissional para atender a comunidade na área de saúde. Passados dois anos, passou a residir em Estrela, onde desenvolveu as mesmas atividades.
Em 1887, nasceu o quarto filho do casal, Alexandre Frederico Bernardo Snel, o qual, na adolescência, veio a ingressar no Ginásio São Pedro, que funcionava em Porto Alegre, na Rua General Câmara. Mais tarde, fez os preparatórios para ingresso na faculdade de Medicina, que era seu ideal, no curso do professor Emílio Meyer, do qual se tornaria grande amigo.
Formou-se em 1911, tendo como colegas Guerra Blessmann, Luiz Kühl, Arthur Grecco, Jacinto Godoy, Valter Castilhos, entre outros. Embora com dificuldades financeiras, mas com o apoio do irmão Geraldo Nicolau Snel Filho, conseguiu viajar para Hamburgo, Alemanha, com uma carta de recomendação do comendador Secco, um dos mais expressivos comerciantes da época.
Lá passou a atuar no Eppendorfer Krankenhaus, na área radiológica, e tornou-se operador responsável. Mais tarde, estagiou em Berlim, no Charité, como assistente praticante, e voltou ao Brasil em fins de 1913, trazendo um aparelho de raios X da Siemens.
Já em Estrela, começou a sua ampla dedicação à medicina, a qual exigia atendimentos generalizados. Alexandre Snel havia aprofundado seus conhecimentos igualmente em oftalmologia, mas atendia indistintamente outras áreas exigidas pelos pacientes.
Realizava cirurgias e tudo o que necessário fosse e, à noite, ele mesmo fazia os exames laboratoriais. Atendia não só em Estrela, mas se deslocava, primeiro a cavalo e depois com um automóvel, para atender enfermos e parturientes da região.
Em 1923, casou-se com Ilda Rothfuchs e deste matrimônio nasceram três filhos, um dos quais, Ariberto, também foi médico. O aparelho de raios X era operado, só por Alexandre, continuamente, para elucidar diagnósticos dos diversos problemas clínicos. Este aparelho, como todos da época, não possuía proteção e segurança suficientes e, em consequência disso, em 1923, quando Alexandre se encontrava casado há apenas seis meses, começaram seus problemas de saúde. Mesmo assim, em 1930, ele inaugurou seu próprio hospital. A radiodermite gerou problemas progressivamente e, por isso, em 1932, foi consultar uma autoridade no assunto em Montevidéu, que lhe recomendou procurar uma grande clínica em Toulon, na França.
No instituto de madame Curie, foi indicada a amputação do membro superior ao nível do terço médio do antebraço com o cotovelo, o que aconteceu. Depois, Alexandre fez aplicação de rádio em Amsterdã e trouxe de Berlim uma mão mecânica articulada no coto do antebraço.
Voltou ao Brasil em fins de 1933, reiniciando suas atividades profissionais em Estrela, mas, em 1934, um nódulo axilar esquerdo sinalizou grave comprometimento de sua saúde, vindo a falecer em 30 de maio de 1935.
No hospital de Hamburgo, foi colocada uma placa para lembrá-lo como um dos médicos que morreram por trabalhar em radiologia. A descendência de Geraldo Nicolau Snel é constituída de poucas pessoas, mas todos se posicionaram na sociedade de forma atuante.
Cabe referir que Adalberto Alexandre é advogado conhecido em Novo Hamburgo e que Roberto Snel é diretor de turismo da prefeitura de Porto Alegre. Outros se encontram em Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Novo Hamburgo e demais cidades.